Recebi um e-mail com uma daquelas
apresentações .ppt que a maioria de nós simplesmente exclui assim que vê o
anexo (daqui a pouco os e-mails as estarão enviando para o spam) mas eu a abri
e a li inteira. Ela falava sobre os amigos.
Segundo que a criou, amigos são como folhas
de árvores, e nós somos a árvore. Alguns ficam apenas uma estação, enquanto
outros ficam por muito tempo, mas todos acabam deixando algo em nós. Uns pouco,
outros muito. Isso me fez pensar um pouco. Na verdade, isso me fez sentir
aquele aperto ao mesmo tempo gostoso e doloroso no peito, que nós chamamos de
saudade.
À minha mente voltaram lembranças e rostos
de amigos que a muito não vejo, que fazem meu peito se apertar de saudade. Essa
semana, voltando da faculdade por um caminho que nunca faço, encontrei um
deles, um grande amigo que não conversava a um bom tempo e, mesmo que tenham
sido poucas palavras por ser pouco o tempo, foi bom.
Nós colecionamos amigos por toda a nossa
vida. Alguns, como eu li lá, ficam por pouco tempo, apenas um dia ou algumas
horas, uma semana, um mês, ou aparecem uma vez por ano, mas não deixam de ser
amigos. Rimos e nos divertimos, conversamos ou até nos apaixonamos. Esses amigos,
os de épocas, amigos de verão, de acampamento, de uma viagem, são, talvez, os
que mais deixam saudades, pois deles guardamos apenas lembranças boas e bons
sentimentos, com eles aprendemos que amizades e até mesmo amores não precisam
de longos dias de conversas e convivência. Para uma amizade começar, precisa
apenas de um sorriso, às vezes.
Outro dia, conversando com a minha
namorada, minha maior amiga, percebi o quão sortudo sou.
Amigos são medidos por qualidade, é óbvio,
e não por quantidade, mas eu parei para pensar e percebi que tenho uma
quantidade grande de amigos de qualidade, com os quais tenho certeza que posso
contar, enquanto outras pessoas contam nos dedos de uma mão seus amigos de
verdade, e ainda sobram dedos.
Tenho um amigo praticamente de berço, amigo
“primeiro”, que conheci quando estava no pré I ainda e, ainda que não mantenha
muito contato hoje em dia, levarei para sempre as grandes lembranças que criei
com ele, o grande amor que construímos. Tenho também pelo menos uns três amigos
“de infância”, grandes amigos com os quais divido alegrias até hoje, desde a
faculdade até o kung fu.
Há os amigos que vieram depois, também, os
do início e fim da adolescência, mas nem por isso são menos importantes. Amigos
que compartilharam as épocas mais complicadas com seu apoio e grande amizade, e
pelo menos uns dois ou três posso chamar de amigos irmãos.
Mais ou menos na mesma época surgiram
aqueles amigos de verão, de “acampamento”, mas, ao contrário do que acontece
com essas amizades, elas não perduram apenas como ótimas lembranças. Esses ai
posso dizer que chegam a pelo menos uns dez, com certeza, e mesclam as mais
variadas idades, pois a faixa etária é o que menos importa para uma amizade. Nessa
época apareceu também aquela famosa paixão de verão tão contada em tantos
filmes, que todos têm muita vontade de experimentar, mas nem tantos conseguem,
e que também será levada eternamente por mim no meu coração.
Chegando mais próximo do hoje, na faculdade
e fora dela, coletei mais algumas amizades por aí e agreguei-as ao meu coração,
ao meu espírito e algumas delas vieram com uma grande parcela de conhecimento
espiritual.
E há relativamente pouco tempo, surgiu a
que hoje posso dizer que é minha maior amiga, que conhece todos os meus
segredos e medos, aquela para a qual abri meu coração totalmente, pois ela o
conquistou e não havia nada que eu pudesse fazer.
De todos os amigos que citei aqui, posso
dizer que todos são aqueles que chamamos de “amigos do peito”, amigos que
podemos confiar que estarão ao nosso lado se um dia realmente precisarmos, e é
por isso que, mesmo com todas as dificuldades da vida, com todo o azar que já
demonstrei ter em várias situações, sei que tenho uma imensa sorte que compensa
toda essa má sorte que já apareceu.
Sabe por quê? Porque eu me sinto
extremamente feliz e orgulhoso de dizer que, se for para contar nos dedos todos
os meus verdadeiros amigos, nem mesmo com a ajuda dos dedos dos pés eu
conseguiria contar todos.
Cada um deles tem seu espaço reservado e
especial no meu coração, na minha existência, têm seus momentos compartilhados,
as experiências vividas, os conhecimentos aprendidos...
Mas, principalmente, todos eles são
saudades no meu peito e amor no meu coração.
Dedico esse texto a todos os meus amigos.