Este é um texto que achei perdido entre os rascunhos do meu blog e foi escrito há quase um ano, eu acho.
Ele estava feliz por aquele dia. As coisas tinham acontecido bem.
Ele estava feliz por aquele dia. As coisas tinham acontecido bem.
Durante a manhã, tinha ido para a escola (cursava o terceiro colegial) e o período passado lá tinha sido bem aproveitado. Conversas com os amigos, uma prova bem sucedida de História (graças a algumas comparações de respostas também), uma aula de Literatura que foi usada para diversas coisas menos para estudar sobre velhos poetas e escritores mortos e enterrados e reencarnados a séculos, algumas partidas de truco e outras coisas mais.
Estava feliz pela sua tarde também.
E noite.
Ele estava namorando. Não há muito tempo, dois ou três meses, mais ou menos. Sua namorada era uma garota excepcional. Cabelos loiros e enrolados, corpo magro com curvas bem definidas e atraentes, não muito alta.
Enquanto pensava nela, corria de volta para casa. Era tarde e ele tinha demorado demais na casa dela, talvez não conseguisse pegar a última lotação para sua casa. Mesmo assim, tentava. Se tivesse que voltar a pé, tudo bem, ele estava acostumado (mas teria que ir ainda mais rápido).
O suor escorria lentamente pelo seu rosto, incomodando-o levemente. Existiam coisas suficientes em sua cabeça, porém, para desviar sua atenção.
Começou a se lembrar do dia em que tudo começou...
Eles tinham saído apenas para dar uma volta depois da escola. Foram até um parque que havia ali perto.
Andavam despreocupados, descontraídos, sem pensar ou imaginar o que poderia acontecer. Eram grandes amigos já há algum tempo, e isso tornava a conversa muito mais fluida entre eles, fácil para tocar em qualquer assunto.
Conversaram sobre muitas coisas. Amigos, família, problemas com os pais, ex-namorados de ambos, coisas sem sentido, sobre fabricação de bombas, etc. Muitas coisas mesmo.
Em certo momento, quando ambos já precisavam voltar para casa ele tocou em um assunto que, sem saber, também interessava a ela.
Alguns dias antes, em um final de semana, tinham ido ao shopping ver um filme junto com outros amigos. Tudo correu de forma perfeitamente normal até a hora de se despedirem. No momento em que ela beijou sua bochecha e a abraçou, ele sentiu um desejo tão forte de beijá-la na boca que foi difícil de controlar. Na verdade, ele não sabia exatamente porque tinha controlado tal desejo. Porque? Uma dúvida, realmente. Mas o fato foi que ele não fez nada.
Ele contou isso a ela naquela caminhada.
A reação não foi tão ruim. Na verdade, foi boa.
Ela ficou alguns instantes sem falar nada, depois, riu e disse que não sabia o que dizer. Nesse momento estavam sentados no chão um de frente para o outro. Ele olhou-a profundamente nos olhos. Ela retribuiu seu olhar por alguns segundos, antes de desviá-lo. Ela disse, sem olhar para ele, que também sentia vontade de ficar com ele já há algum tempo, mas não teria dito nada se ele não tivesse tocado no assunto.
Nesse momento, ele achou que as coisas não tinham dado certo. O assunto não avançou.
Se levantaram (ela estava atrasada) e se abraçaram com força.
“Momentos como esse que eu quis dizer” disse ele em seu ouvido “Igual ao outro dia. A vontade é muito grande”. Ela não disse nada, apenas balançou a cabeça. Ele se afastou lentamente, querendo olhar em seus olhos. Ela os fitou lentamente e naquele momento ele soube que ela também queria, mesmo que pela sua boca saísse um Não. Estava escrito ali, escrito em sua alma, em sua vontade.
Ele a abraçou com força, colocou suas mãos nas suas costas e a trouxe para bem perto, carinhosa e firmemente. Suas bocas se aproximaram perigosamente. A dela se abriu um pouco, mas, quando ele avançou um milímetro, com a intenção de beijá-la, ela desviou o rosto.
Ele moveu seus lábios pela sua bochecha até alcançar seu pescoço e beijou-o lenta e deliberadamente. A respiração dela acelerou sensivelmente. Ele passou suas mãos por baixo da camiseta dela, suas peles quentes se tocando e aumentando ainda mais a temperatura. A sensação da mão dele nas costas dela, sentindo todos os pêlos arrepiados, era tentadora, fazendo o desejo de beijá-la aumentar ainda mais. Sentia o desejo que emanava do corpo dela, pela sua voz trêmula ao dizer seu nome, pelas suas mãos que o empurravam enquanto queriam puxá-lo para mais perto, pelo cheiro da sua pele que se misturava ao aroma do seu perfume o do xampu. Seu cabelo ainda parecia estar levemente úmido, mesmo que ela tivesse tomado banho horas atrás.
“Eu... não sei se devo” ela disse em um sussurro.
“Porque não?” ele perguntou.
“Não sei, não tenho certeza”.
“Você também quer, eu sei que quer”.
Ela riu da confiança dele.
“E se eu disser que não quero?”.
“Está escrito nos seus olhos que você quer. Seu corpo diz isso”.
Ela não respondeu a essa afirmação, o que era apenas uma confirmação. Ele a abraçou com ainda mais firmeza e sentiu seu corpo perder levemente a força nas pernas, a respiração se tornando irregular.
“Olha pra mim” ele sussurrou em seu ouvido.
Ela se afastou e o olhou nos olhos, tentando manter uma distância segura entre suas bocas, as mãos tapando a dele para ter mais segurança. Ele se aproximou lentamente e, dessa vez, ela não desviou o rosto, o desejo vencendo por alguns instantes sua força de vontade. Seus lábios se tocaram levemente, com alguma tensão, enquanto ela ainda tentava resistir a ele. Quando ele achou que um primeiro beijo ia se formar, ela virou seu rosto rapidamente, seu auto controle forçando-se a dominar os instintos. Ele tentou mais uma vez e novamente só conseguiu o selinho antes que ela conseguisse reunir vontade para desviar o rosto novamente.
“Porque resistir tanto?” ele perguntou baixinho.
“Eu tenho que pensar, não sei...”.
“Você também quer, sabe disso”.
“Eu nunca disse que não quero”. Ela olhou em seus olhos nesse momento “Eu terminei um namoro a não muito tempo, eu sei que você entende isso”.
“Eu entendo. Mas uma oportunidade pode não voltar mais”.
“Somos nós que fazemos as oportunidades. A gente vai ficar, mas espera um pouco”.
Ele não respondeu. Ficou em silêncio por algum tempo, abraçando-a, o melhor abraço que ela já dera a ele em tanto tempo.
“Eu tenho que ir”. Ela falou.
Ele beijou lenta e suavemente seu rosto. Ela suspirou e ele sentiu que ela se esforçava novamente para se controlar.
Se despediram, cada um com um sorriso no rosto. Ainda que as coisas não tivessem acontecido do jeito que ele queria, estava feliz.
1 comentários:
sabe oq e pequeno n e
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