17 de outubro de 2011

O Real Imaginário


Há quanto tempo eu não simplesmente sentava confortavelmente e tentava focar minha mente para que ela inventasse, criasse, combinasse, imaginasse, descobrisse as milhares e infinitas combinações dos símbolos inventados para que pudéssemos expressar aquilo que pensamos, sentimos, vemos, ouvimos, criamos, inventamos...

Palavras são apenas letras amontoadas que, por alguma razão e força de um poder maior, amontoaram-se em uma forma ou sequência onde é possível entender algum significado, mas apenas porque esse significado um dia foi inventado por alguém para que tal palavra pudesse, então, expressar a ideia antes imaginada.

Resumindo, vivemos em um mundo imaginário.

Um dia alguém imaginou as palavras, querendo expressar aquilo que se passava na cabeça dele, expressar a imaginação que se desdobrava por trás dos olhos, dentro da mente. Sem saber, foi o precursor das letras, mas elas só foram imaginadas mais tarde, talvez, quando alguém resolveu criá-las, porque queria poder formar as palavras que já nasciam em sua mente, para, então, colocá-las em um registro além do som disforme e ainda torto que saía pela boca, para que outras pessoas pudessem vê-las e então entendê-las. Assim, essa pessoas que imaginou as letras e então as palavras, também imaginou a escrita.

Ou talvez foram muitas pessoas, mas isso não é o que realmente importa.

Depois que as palavras pensadas, as letras e as palavras escritas haviam sido inventadas, coisas começaram a ganhar nomes. Primeiro vieram aquelas coisas que já existiam, e depois, quando outras coisas foram sendo criadas, novas palavras foram sendo imaginadas.

Um dia, por exemplo, alguém inventou a roda. Quando ela foi criada, porém, não possuía nome. A pessoa não parou e pensou: “Ei, vou inventar a roda agora, espere só um pouco”. Não, ela inventou, aí outra pessoa ou ela mesma inventou a palavra pela qual chamariam aquele novo invento, e então nasceu a roda.

Assim foi acontecendo com tudo o que inventamos e criamos. Após as primeiras invenções que nos tiraram da época dos grunhidos, gestos e gemidos, que foram as letras e palavras, desdobraram-se infinitas possibilidades de invenções e nomes. Vieram o carro, avião, tesoura, colher, copo, espelho, n coisas de todos os variados tipos de funcionalidade e objetivo.

Uma coisa que, talvez, as pessoas que criaram as palavras não imaginaram, é que criaram também uma alma para elas, e essa alma vai se dividindo e se multiplicando conforme novas palavras vão sendo inventadas. O que é essa alma? Oras, é o que a palavra realmente é, significa! Um avião não é o que a palavra o limita, afinal, existem centenas de nomes para aviões. Se eu falar, avião, você pensará em um, se for plane, também (desde que você saiba o significado, é claro. Se não souber, é porque ainda não conhece o pedaço de alma desta palavra). Posso chamá-lo de aereo, na Itália, e todos entenderão, ou de fly na Dinamarca e vou ser compreendido.

Cada palavra em cada idioma tem uma pequena alma que nos faz identificar ao que ela significa assim que ouvimos a palavra, mas todas elas fazem parte de outra alma maior, em um conceito totalmente panteísta, que é a alma do próprio objeto. Não importa se eu chamá-lo de avião, plane, fly ou aereo, aquela coisa de metal com asas e que voa sempre será uma coisa de metal com asas e que voa (e às vezes cai também).

Talvez seja esse o segredo dos grandes escritores, tradutores, poetas, pintores, escultores e todos aqueles que criam a arte, expressam as palavras, objetos, rimam e coordenam as criações imaginárias para que elas façam parte, peguem sua parte, da alma das coisas que imaginamos e criamos. Tais artistas conhecem as almas das palavras e tudo o mais, podendo expressá-las de diversas formas, com palavras, desenhos, formas diferentes, e, ainda assim, aquele que ver, ler, admirar o que foi imaginado, conseguirá ligar tal criação à imaginação primordial da criação do objeto mãe.

É, vivemos em um mundo imaginário, mesmo.

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