10 de janeiro de 2012

Uma balada de primavera – Sexta parte - As torrenciais chuvas de verão


Seguiu-se a Segunda Sinfonia dos Campos de Pinheiros com toda a sua elegância magistral, seus tons alegres e felizes. O outono se desfazia rapidamente, da mesma forma como tinha chegado para desvanecer o terrível inverno de sentimentos.

Ao outono, seguia-se o verão.

A ordem das estações pode estar um pouco confusa, mas, naquele teatro, as coisas aconteciam conforme a música que se tocava, e aquela música era como um verão ainda tímido, iniciando-se, com o Sol começando a desbravar as nuvens e mostrar seu calor. As estações ali tomavam forma conforme os corações dos regentes da sinfonia.

E agora os regentes estavam assim: ainda tímidos, mas exalando o calor de seu amor através das notas. A neve derretia cada vez mais, até que nada dela restou.

Cada vez mais pessoas ficavam sabendo da novidade, ouviam a música se espalhando por quilômetros e iam até o teatro para apreciar aquela bela sinfonia.

A maestrina se aproximava cada vez mais, voltando para o seu amado, aceitando-o de volta. O maestro continuava a cantar e dançar e tocar e reger os instrumentos do palco e os do público.

Para o observador mais atento e sensível, percebia-se um pequeno toque de tristeza naquela música, e era este toque que impedia que o Sol brilhasse realmente forte. A tristeza era a saudade, que apertava os corações quase recompostos dos regentes. Uma saudade tão grande como nunca tinham sentido antes, uma saudade que chegava a doer fisicamente, a fazer o corpo ansiar pelo toque do outro, pelo abraço e pelo beijo, ou apenas pelo sorriso. Ainda assim, apenas o tempo agora os separava.

Ou talvez não.

Um contratempo, notas dissonantes, uma percussão atravessada.

Em outro ponto, uma música pesada se chocou contra a sinfonia suave do grande teatro.

As ondas se chocavam e se destruíam, aniquilando-se. A música do maestro começou a se perder. Não conseguia se afastar do teatro e às vezes nem mesmo chegar à maestrina.

Uma dor repentina assaltou-os: o medo.

O violino da esperança caiu ao chão, sem conseguir manter seu ritmo, suas cordas desafinando e estourando, as crinas de seu arco arranhando as cordas que restaram de uma maneira quase fúnebre, até que ele desistiu de produzir qualquer som.

A maestrina parou. Uma pesada barreira impedia-a de se aproximar de seu amado maestro, impedia que o maestro chamasse sua amada maestrina.

Os espectadores ficaram tensos, alguns pararam de tocar, outros mudaram o tom de sua música. Eles enviavam ajuda com suas notas, mas algumas nem mesmo chegavam ao maestro, quanto mais à maestrina, que se afastava cada vez mais contra a sua vontade.

Os regentes não conseguiam mais se comunicar e a tristeza foi tomando forma novamente, iniciando na maestrina e forçando sua passagem pelo coração do maestro.

Ele caiu e chorou. Chorou rios de lágrimas e sangue e deixou que seu violino caísse. Novamente o teatro estava em silêncio, quebrado apenas pelos soluços afogados do maestro que jazia de joelhos no palco, tentando abafar a dor em seu coração. As pessoas começaram a sair novamente, mas não todas. Os amigos ficaram, mas eles não sabiam exatamente o que fazer, por isso apenas observaram novas manchas no palco, dessa vez, causadas pelas lágrimas do maestro.

Ele era mais forte do que isso. Não ia desistir, não desistiria nunca mais.

Seu coração bateu forte, ainda que sem um compasso definido.

Ele seria a força de ambos, ele não deixaria que a esperança deixasse de tocar.

Retirou as cordas do seu violino e foi até onde o violino da esperança tinha caído. Trocou as cordas uma a uma, pegou seu arco e levantou-se, majestoso em sua dor. Uma tristeza feroz emanava dele, que a usou para se pôr a tocar.

Agora era ele quem regia a esperança, ele quem a tocava. A esperança não depende de ninguém além de quem a sente, e ele estava decidido a não deixar que ela acabasse.

Um trovão retumbou pelo céu logo após o clarão que iluminou todo o teatro e centenas de quilômetros ao redor. De lá de dentro, o maestro pôde enxergar a maestrina, sofrendo novamente. Não ia permitir que isso acontecesse.

Raios rasgaram os céus quando as primeiras gotas torrenciais banharam o chão, o palco, os sentimentos.

As chuvas do verão haviam chegado.

8 de janeiro de 2012

Uma balada de primavera – Quinta parte - A grande velocidade das estações


E assim, o outono da esperança desfez o grande inverno de sentimentos.

O maestro se pôs a trabalhar.

Sozinho, pegou uma pá e começou a retirar toda a neve que se acumulara dentro do teatro. Ali, para que o Sol, a Lua e as Estrelas chegassem novamente, o trabalho teria que ser muito duro e realizado apenas por eles, maestro e maestrina. Como esta ainda estava longe, mas chegando, ele se esforçou ao máximo para que tudo estivesse bem melhor quando ela chegasse.

Toneladas de neve se desfizeram sob o esforço do dedicado maestro. Mais uma vez, ele sentia-se completo, ou completando-se, com um rumo em sua vida, com esperança, com vontade de viver, de ser feliz, com a certeza de que seria feliz, com entusiasmo para novamente compor suas músicas de declarações.

Após terminar a limpeza do palco, tomou nas mãos outro violino e se pôs a acompanhar aquele que tocava a esperança. Suas notas foram fortes, com vida, animadas, e ecoaram ainda mais longe com toda a intensidade que possuíam. Aos poucos, pequenos espectadores voltaram a escutar a melodia.

Ele tocou e tocou, incessantemente, por horas, dias a fio, até que seus dedos sangrassem nas cordas, mas nem assim ele parou. As gotas caíram de suas mãos e tocaram os locais do palco que haviam sido manchados pelas lágrimas da maestrina. Como em um toque de mágica, as manchas desapareceram por completo, tornando o palco impecável novamente.

Sua música começou a despertar os outros instrumentos, que sacudiram a poeira e a ferrugem de seus corpos e cordas, recuperando lentamente o seu brilho. Testaram algumas notas, afinaram-se e, timidamente tentaram começar a tocar, a acompanhar o maestro que não mais usava uma batuta para comandá-los, mas o arco de seu violino.

As notas da esperança ganharam cada vez mais força e, juntos, os instrumentos derreteram e evaporaram a neve que ocupava o resto do teatro. Os lugares para o público voltavam a ficar disponíveis, a neve do teto se desfazia lentamente enquanto as nuvens do céu se afinavam e o Sol novamente conseguia voltar a banhar com sua luz a imponente estrutura que começava a recuperar o antigo brilho refulgente.

As pessoas começaram a entrar para ouvir a música, a se acomodar em seus lugares. Alguns pontos ainda estavam tomados pela neve, mas já havia lugares suficientes para um bom público.

Estes entraram vagarosos, meio tímidos, desconfiados, mas não podiam deixar-se não contagiar com a felicidade exprimida pelo maestro com seu violino. Ele não apenas tocava, mas dançava e cantava, sorria, pulava, descia do palco e regia seus instrumentos do meio da plateia, que começou a acompanhá-lo.

Alguns tinham seus próprios instrumentos e logo entraram na melodia da segunda Sinfonia dos Campos de Pinheiros, o segundo ato, o próximo volume de tão magnífica série. Assim, os sentimentos dos espectadores fundiram-se pela primeira vez com os instrumentos do maestro e da maestrina. Uma nova música se fazia ouvir no grandioso teatro de muitos nomes.

As pessoas chegavam cada vez mais, de vários lugares, felizes por poderem novamente ouvir aquela belíssima música. Ela era intensa, fulgurante, apaixonante, viva, pura alegria. Era aquilo que queriam que nunca tivesse acabado, aquela alegria feroz que exalava dos olhos do maestro.

A música, eles sabiam, é claro, ainda não estava completa. Faltava a maestrina, mas ela estava a caminho.

Sua voz chegava até lá, cantando liricamente para acompanhar o seu amado em sua felicidade. Todos estavam felizes novamente, cantando e dançando. Os assentos não eram mais necessários, ninguém os estava usando. Estavam todos em pé, cada um com seu instrumento, dando seu toque pessoal de incentivo àquela grande alegria.

Novamente, a Sinfonia dos Campos de Pinheiros se fazia ouvir aos quilômetros de distância.

Ao breve outono da esperança, seguia-se o feroz verão da reconquista.

7 de janeiro de 2012

Uma balada de primavera – Quarta parte - O outono da esperança


Foi assim que o outono começou. Breve outono.

Um pulsar de intensa dor despertou o maestro de seu túmulo de neve. Junto com a dor, veio o amor. Mais uma vez eles sentiu-se inundado por aquele tão grandioso amor que havia construído sua saudosa casa de espetáculos.

Sim, a dor era inundada de imensa saudade.

A mente se encolheu ante a força do coração e, vendo que não era páreo para aquele tão intenso sentimento, recuou cada vez mais, então cedeu. Sim, ela sabia, aquela era a lógica do sentimento, a razão da emoção, e ela estava muito mais certa do que a mente. Era a única certa.

Sem pensar em procurar uma saída para a tumba de seu coração, o maestro se lançou para a neve acima dele, cravando suas unhas nela, arrancando grandes pedaços de cada vez.

Ele foi subindo e subindo. Pelo caminho, deixava um rastro de sangue de suas mãos que se machucavam na neve dura e cruel. O maestro não se importava. A dor era a consequência da sua escolha. Ele precisava senti-la.

Enfim, emergiu em um grande deserto frio. A tempestade caía forte, impedindo-o de descobrir para que direção ficava seu teatro.

O desespero começou a tomá-lo, lágrimas rolaram por suas faces, quentes, derretendo as gotas úmidas de gelo que se fixavam em sua pele. Num pânico súbito, ele gritou com a mente, voz e coração, o nome de sua tão amada maestrina.

Ao contrário do que se pensa, o som não foi abafado pela cortina de neve. Não. Na verdade, ele a desfez.

O som de seu grito foi tão estrondoso que abalou a tempestade, que recuou, temerosa diante de tamanha intensidade de dor e sentimento. Os últimos flocos caíram flutuando para o chão.

Logo a sua frente, a quilômetros de distância, o maestro viu a silhueta coberta de neve de sua casa de espetáculos. Ele podia pensar em diversos nomes para ela: Campo de Pinheiros, Vale da Lua, Planície do Sol, Estrela Vespertina ou qualquer outro que envolvesse qualquer uma dessas coisas, mas um único nome nunca poderia abarcar toda a significância que tinha aquele lugar, toda a sua verdadeira essência. Aquele teatro era um lugar onde o Sol, a Lua e as Estrelas se encontravam em harmonia, onde cada um deles representava um pedaço, mas nunca a totalidade, pois ela era tão infinita quanto o universo, ou talvez até mais.

E então ele correu. O maestro correu e correu, gritando o nome de sua amada, chamando por ela, clamando por seu perdão. Ele correu até que suas pernas não podiam mais se mover, e então ele foi ao chão.

A neve derretia por todos os lados, relevando pequenas imperfeições no terreno. Ele havia tropeçado em uma pedra escondida.

As pesadas nuvens do céu se desfaziam lentamente, mas o Sol ainda estava oculto, assim como a Lua e as Estrelas. No teatro, porém, a neve ainda continuava intacta.

Lágrimas rolaram pelo rosto do maestro quando sua esperança ameaçou vacilar. Será que estava tudo perdido? Será que ele tinha jogado fora a chance de ser feliz.

Muito ao longe, tão baixo que ninguém escutou, ouviu-se uma voz. Na realidade, ninguém poderia escutar aquele chamado, mas ele o ouviu. Levantou a cabeça, o coração desritmado em disparada.

Sim, ele reconheceria aquela voz em qualquer lugar, no meio de um furacão. Era a voz da maestrina.

Ele não podia vê-la, mas sabia que estava ali, em algum lugar, além dos limites do teatro. Ele então se levantou e correu, correu ainda mais, cada vez mais. O teatro chegava cada vez mais perto. Suas enormes portas estavam abertas para ele, pois um sentimento tocava mais uma vez dentro do teatro, um único sentimento, forte, porém ainda solitário, ecoando suas notas lugubremente pela estrutura sobrecarregada de dor e tristeza.

Adentrou o complexo com extrema ansiedade, vasculhando-o inteiro em busca de sua amada.

No palco, um solitário violino meio enferrujado fazia suas notas ressoarem pelo ambiente. Ele estava sozinho ali. Mas não completamente. Sentia, em seu íntimo, a presença da maestrina. Ela estava longe, mas presente em pensamento. Ele chorou e pediu perdão ao sentir a dor dela. Chorou muito, principalmente com o coração e, enfim, ela o perdoou.

Estava voltando para ele.

6 de janeiro de 2012

Resenha: O Nome do Vento

Título: O Nome do Vento
Autor: Patrick Rothfuss
Série: A Crônica do Matador de Rei
Editora: Arqueiro/ Sextante
Páginas: 656
Skoob: Livro 

Ninguém sabe ao certo quem é o herói ou o vilão desse fascinante universo criado por Patrick Rothfuss. Na realidade, essas duas figuras se concentram em Kote, um homem enigmático que se esconde sob a identidade de proprietário da hospedaria Marco do Percurso.

Da infância numa trupe de artistas itinerantes, passando pelos anos vividos numa cidade hostil e pelo esforço para ingressar na escola de magia, O nome do vento acompanha a trajetória de Kote e as duas forças que movem sua vida: o desejo de aprender o mistério por trás da arte de nomear as coisas e a necessidade de reunir informações sobre o Chandriano - os lendários demônios que assassinaram sua família no passado.

Quando esses seres do mal reaparecem na cidade, um cronista suspeita de que o misterioso Kote seja o personagem principal de diversas histórias que rondam a região e decide aproximar-se dele para descobrir a verdade.

Pouco a pouco, a história de Kote vai sendo revelada, assim como sua multifacetada personalidade - notório mago, esmerado ladrão, amante viril, herói salvador, músico magistral, assassino infame.

Nesta provocante narrativa, o leitor é transportado para um mundo fantástico, repleto de mitos e seres fabulosos, heróis e vilões, ladrões e trovadores, amor e ódio, paixão e vingança.



Fascinante. Envolvente. Empolgante. Emocionante. Inspirador. Intenso. Mágico.

Durante toda a leitura a única dificuldade que tive foi em não acabar virando duas páginas de uma vez só, o que aconteceu várias vezes, porque as folhas são um pouco finas. Poucos foram os livros ultimamente que conseguiram despertar em mim ansiedade, nervosismo, apreensão, raiva, medo, uma pontinha de desespero, alegria, inspiração, amor e outros sentimentos. Este foi um deles.

Kvothe (ou Kote) é uma personagem simplesmente diferente de qualquer outro que já tenha lido antes.

Esta história não pode ser classificada como um épico medieval como O Senhor dos Anéis e As Crônicas de Gelo e Fogo. Tem um estilo diferente, mas nunca inferior.

Na maioria das histórias de fantasia, há um herói. Às vezes ele não é poderoso, como o caso de Frodo. Às vezes é ou aprende a ser, como em Eragon, ou às vezes os heróis são homens comuns e muitos, como em As Crônicas de Gelo e Fogo.

Em O Nome do Vento, não se sabe se Kvothe é ou não um herói. Sabe-se que ele é poderoso, já no começo do livro, sabe-se que é uma pessoa boa e que foi reverenciado no passado, afinal, histórias são contadas por todos os lados. Mas por quê um herói se esconderia? O que se esconde no passado de Kvothe?

A história é contada em dois tempos diferentes. Um é o “tempo real”, com o Kvothe já depois de todo seu treinamento, e o outro é a história dele, a qual ele conta ao Cronista, Devan Lochees, uma personagem que vai atrás e coleciona histórias.

Com o aparecimento de Devan, Kvothe resolve se entregar às memórias do passado que tenta esquecer. Outro motivo para pormos em dúvida o heroísmo de Kvothe é isso: o que aconteceu de tão ruim em seu passado para ele querer esquecê-lo?

O problema é que, mesmo você sabendo que ele pode ter feito coisas assustadoras, é impossível não tornar-se seu amigo ao saber de seu passado, onde ele aprende uma magia diferente de qualquer uma que se vê em histórias fantásticas por aí (talvez tenha alguma semelhança com Eragon, mas apenas alguma, sendo que seu nível é superior).

Não se sabe se o objetivo de Kvothe, ao ir para a Universidade, era ser um arcanista ou procurar informações sobre o Chandriano, um grupo de assassinos que povoa histórias para crianças, mas que é muito real. Na verdade, seu objetivo é os dois, mas nem ele sabe qual é o mais importante para ele.

No meio de seu aprendizado, ele conhece Denna, uma encantadora mulher que o conquista completamente, e esse romance, para mim, é um dos melhores que existem nas histórias por aí. Por mais que Kvothe diga não levar jeito com as mulheres, ele é o melhor conquistador que já tive a honra de ler sobre.

Das palavras, nasce o arrepio que percorre o corpo, subindo e descendo em seu caminho de sentimento. Os sentimentos descritos no livro são intensos e nos fazem arrepiar enquanto lemos.

E o melhor de tudo! Quando terminamos, percebemos que não conhecemos praticamente nada da história de Kvothe ainda! Tudo o que o levou a ser quem é, a se esconder em uma pousada de um vilarejo perdido, está praticamente por vir ainda. E quer saber? Não é nem um pouco frustrante, mas sim, empolgante.

Se fosse para resumi-lo em poucas palavras, eu não conseguiria em menos de três.

Intenso. Mágico. Fascinante.

Uma balada de primavera – Terceira parte - A mudança de estações


Foi dessa forma que o inverno de sentimentos se estendeu.

A neve caía forte por todos os lados, mergulhando a maestrina cada vez mais, criando uma crosta de gelo ao redor do seu coração. Aos poucos, o sangue deixava de escorrer, ainda que ainda fosse abundante e profuso. O coração batia desritmado e nada era possível fazer para que assim deixasse de ser. O frio e o gelo foram isolando pouco a pouco a mente do coração, para que assim a mente pudesse parar, algum dia, de se importar e pensasse nela apenas.

O maestro, como sabemos, sofreu. Mas achava que não sofria. Achava que não sangrava, achava que estava inteiro, completo consigo mesmo. Não dependia de ninguém, a felicidade e o amor agora eram mais um complemento para o seu bem estar, não essencial para ele.

Como uma mente pode se enganar tão cruelmente...

O grande inverno chegava próximo ao seu auge.

Maestro e maestrina percorriam caminhos soterrados por quilômetros de neve. O maestro corria pelas profundezas sem ver o Sol, mas achando-o que a luz que seus olhos viam era dele. Pobre homem, enganado pelo reflexo de vagalumes na neve.

A Lua e o Sol, as estrelas, nada mais disso existia no céu do maestro. Ele os tinha abandonado assim que deixou o tão espetacular teatro.

Fala-se tanto deste teatro, mas não se chega a descrevê-lo.

Imagine um lugar grande, formidável, enorme, gigantesco! Agora adicione um palco maravilhoso, preenchido quase em sua totalidade por belíssimos instrumentos de madeira e metal, todos tão reluzentes que, ao cair da noite, o brilho refletido das estrelas era capaz de iluminar todo o grande teatro.

No alto, a abóbada gigantesca abria-se ao infinito, revelando os astros infindáveis que coalhavam o céu. Deixava-se ver o Sol, a Lua e todas as estrelas, galáxias. Podia-se contemplar todo o universo daquele lugar.

Quem regia a visão que se podia ter dali era a própria música, os próprios instrumentos. Quando maestro e maestrina faziam tocar uma música mais lenta e triste, o céu fechava-se com nuvens e chovia, molhando a tudo e a todos, pois a música era tão intensa, os sentimentos tão poderosos, que tudo ao redor era contagiado pela vibração que emanavam.

Em dias de músicas alegres e animadas, o céu brilhava fulguroso com os raios do Sol a despejar sua cor azul por todos os lados. O brilho refletido pelos instrumentos era tão intenso que podia-se vê-lo a quilômetros e mais quilômetros de distância. A plateia ficava deslumbrada e emocionada com todo aquele brilho, aquele calor, que não cegava, apenas iluminava cada vez mais.

Nas músicas românticas, o céu estrelado tornava-se infinito. Aquele que o contemplasse ao som da melodia poderia fixar uma estrela a bilhões de anos-luz da Terra. Estrelas cadentes riscavam o céu incessantemente, fazendo apenas aumentar o brilho do espetáculo, enchendo os outros corações de intensa alegria.

Ah, e o lugar para a plateia! Não havia um público máximo. Aquele teatro era capaz de abarcar infinitas pessoas. Todos os que quisessem contemplar aquele espetáculo de sentimentos poderia entrar e se sentar confortavelmente, e então se deslumbrar com a magia da sinfonia dos campos de pinheiros, sentindo o coração apertar-se de pura felicidade ao ver o imenso amor e harmonia que uniam aquele maestro e sua maestrina.

Isso tornou-se passado. Tudo isso não é mais real.

Com o abandonar do maestro no meio do espetáculo, logo os instrumentos desafinaram cruelmente e público se dispersou, pois a nova música que se ouvia era triste e lamuriosa, um silêncio assustador, dilacerado apenas pelo som do choro da maestrina, do bater de suas lágrimas no palco.

Agora o céu que se vê da abertura do teatro é negro e sem vida. A neve cai incessantemente por ele, pesando cada vez mais em toda a sua estrutura que range e cede cada vez mais. Os ecos, lembranças, da música se esforçam, mas não são mais capazes de impedir aquele fim trágico de tão majestoso monumento.

Os instrumentos agora estão soterrados pelo branco sujo que reflete apenas o vazio. Os assentos estão ocupados, mas apenas pela mesma neve que congela aos poucos toda aquela criação.

O inverno de sentimentos é cruel e estava fadado a existir para sempre.

Do lado de fora, muito ao longe, os vagalumes se apagaram do caminho do maestro e ele ficou cego. Perdido na escuridão, seu coração quebrou a barreira imposta pela mente e então, finalmente, a dor chegou até ele, intensa, por todo o seu corpo. Lágrimas e dúvidas e mais dor. Finalmente, um pensamento, mas dessa vez ordenado pelo coração. A mente aceitou e, então, uma batida pulsou em seu peito.
Dava-se início ao outono da esperança.


5 de janeiro de 2012

Uma balada de primavera – Segunda parte - Um invernal verão de sentimentos


Tudo começou na estação das flores e nela terminou. 
Termina-se a primavera. Nasce o inverno.
Tudo era de uma certeza férrea. Estava acabado, não haveria mais volta.
As notas ainda ecoavam tristemente pelo auditório abandonado. Eram apenas elas que o mantinha em pé.
Aproximavam-se terrivelmente do seu fim, do momento em que a última nota soaria, reverberaria e então se perderia para sempre naquele palco esquecido que antes abarcara gigantesca alegria. Assim que isso se desse por realizado, toda a estrutura ruiria, tudo o que tinha sido construído pelos corações, maestro e maestrina, com sua música perfeita, seria levado abaixo. O que mantinha tudo em pé era o amor, e esse amor chegava próximo do seu fim.
Os tolos podem pensar: “Como assim, música perfeita? Nada é perfeito neste mundo!”.
Ah, realmente tolos são aqueles que acreditam em tais frases! A perfeição pode nascer da imperfeição, mas apenas quando seus genitores são assim, no plural. Manter aquele lugar em pé dependia de apenas duas pessoas: o maestro e a maestrina, ninguém mais.
Foi com o fraquejar de um deles que a primavera de sentimentos enfim teve o seu fim, dando lugar ao tão terrível inverno de sentimentos.
O maestro abandonou a música, jogou sua batuta no chão, correu do anfiteatro. A maestrina, pega de surpresa, tentou manter a música, chamar seu amado de volta, mas ele tinha ido embora, levando consigo um grande pedaço de si.
Seu coração não era mais o mesmo, não podia mais bater. Ainda assim, não podia se deixar deitar e morrer.
Sangue transbordava de suas feridas. Instrumentos desafinaram, cordas estouraram, metais enferrujaram, peles se rasgaram. Finalmente, a batuta da maestrina se quebrou e ela foi ao chão.
Lágrimas brotaram com intensidade, encharcando as tábuas do palco, manchando-o irreversivelmente.
O maestro correu cada vez mais para longe do amado teatro tão duramente construído, tentando esquecê-lo, fazendo-se acreditar que ele era passado, que aquela estrutura grandiosa não era essencial para a sua vida.
Em sua fúria de fuga, mal percebeu que faltava-lhe metade do coração.
O sangue escorria por suas entranhas, mas a febre de outros sentimentos tomava seu corpo e, assim, mergulhava seus órgãos em um torpor que não o permitia sentir a dor que invariavelmente uma hora o abraçaria com intensidade.
E assim, eles seguiram suas vidas.
Ou tentaram.
A maestrina chorou e chorou e, quando todos os instrumentos já estavam inutilizáveis, por mais que ela tentasse voltar a regê-los, abandonou também o seu querido teatro, desejando nunca mais voltar ali.
O maestro sorriu. Sorriu e brincou, e imaginou construir outro teatro. A música imaginada para gerar tal construção, segundo ele, seria mais séria, mais sóbria, mais madura, e, assim, muito mais resistente.
A música que abandonara era mágica, e foi isso que proporcionou tal espetáculo de arquitetura que era o antigo e agora fantasmagórico teatro que dividira com sua maestrina.
O maestro disse que não, que aquilo era passado. Sua mente recusava-se a escutar seu coração, que sabia de toda a verdade. Ao deixar de se comunicar com o coração, a mente deixou de perceber que seus instrumentos haviam sido deixados no teatro e estavam quebrados, que os sentimentos estavam desafinados, que o coração estava sofrendo. O coração sabia a verdade, sabia por quem queria tocar sua música, com quem, para quem. Mas a mente não escutou, não escutou que, quando o teatro desabasse, soterraria com ele todos os seus instrumentos sentimentais.
Enquanto isso, a maestrina sofreu.
O maestro sofreu.
Mas imaginava que não sofria.

4 de janeiro de 2012

Uma balada de primavera – Primeira parte - A sinfonia dos campos de pinheiros


Um aperto de agonia. Uma pequena dor nas profundezas do meu peito. Uma grande dor dentro do meu coração. Parece pequena, pois a mente esforça-se em seu extremo para que assim pareça.

Coração agoniado, nervoso, tenso, temeroso. Assim pulsa o órgão que mantém viva a esperança de viver.

Uma explicação para a origem desses sentimentos: este coração que aqui vos fala desacostumou-se a bater sozinho.

Não. Impossibilitou-se de bater sozinho.

Seu ritmo não mais é mantido através de sua própria vontade ou essência. Hoje ele é um coração dividido. Melhor. Um coração compartilhado.

Por um ano e sete dias, seu ritmo manteve-se compassado, ritmado, deslizando por linhas suaves, lentas, agudas, tensas, graves, rápidas. Sempre acompanhado de outro bater de mesmo tom, apenas em uma oitava diferente. Juntos, compuseram uma orquestra.
Uma orquestra que começou a tocar sua música em meio a um pequeno campo de pinheiros.

Uma orquestra de apenas dois instrumentos?

Não. Os corações foram os maestros. Eles conduziram a sinfonia. Os instrumentos foram diversos. Os nomes? Sentimentos.

Um ano e sete dias tocados por intensos sentimentos. Alguns de corda, outros de sopro, outros ainda de percussão e por aí vai. Em cada classe, ainda outra variedade de variações. Contrabaixos e violinos, clarinetes e trombones, bumbos e pratos.

E então, no oitavo dia, tudo isso era uma orquestra desfeita. Nenhum instrumento tocava mais. O som era apenas um:

O Silêncio.

Igualmente à intensidade com que era ouvido, ele era sentido.

Uma falta de alguma coisa. Uma falta de tudo.

Os corações, maestros tão dedicados, estavam destroçados. Metaforicamente falando, era como se, a um, faltasse um átrio, e no outro, dois ventrículos tivessem sido destruídos. Àquele primeiro, o sangue não jorrava mais pelas artérias, mas derramava-se por todo o corpo.

De toda aquela sinfonia, sobraram-se apenas os ecos.

Lembranças.

O som dos violinos caminhava lentamente pela mente de ambos, pois os corações não conseguiam nem mesmo mais lembrar, mergulhados na dor das partes que perderam e, ainda assim, não podiam simplesmente deitar e deixar de bater.

Um instrumento, por sua vez, não podia mais ser ouvido. Nem de uma forma real e nem mesmo nos ecos retumbantes das notas que teimavam em não se dispersar dentro do anfiteatro um dia lotado, agora, abandonado, como se tivesse sido deixado às pressas por causa de uma catástrofe iminente. Catástrofe que talvez chegasse a acontecer. No exato instante que todas as notas cessassem, toda a estrutura construída a partir delas finalmente ruiria, enfim enterrando para sempre aquele instrumento imóvel, abandonado com suas dezenas de cordas à mostra, um banco para dois à sua frente, como se ainda esperasse a volta dos músicos, a volta de seu maestro e maestrina.

Nos ecos remanescentes das batidas ritmadas, o piano não podia ser ouvido.

As vibrações dos outros instrumentos chegavam até ali, filhas dos pensamentos sofridos que ainda se mantinham atrelados àquela casa de espetáculo onde, antes, uma das mais belas e fantásticas sinfonias da Terra tinha sido criada aos poucos, para depois adquirir sua própria vida, regendo-se por si mesma.

Mas os pensamentos não podiam fazer soarem novamente as cordas do piano, não podiam fazer as teclas e pedais serem acionados, não podiam produzir som algum daquele instrumento. Não podiam, pois aquele piano havia sido feito para ser tocado a quatro mãos e apenas assim.

Dessa forma, o piano soou em seu canto, esquecido, silencioso, por um tempo que pareceu aterradoramente interminável.

3 de janeiro de 2012

A escolha já está feita, nada poderá mudá-la


De que adianta arrepender-se de atitudes já tomadas, atos já realizados? Tal sentimento degradante, que corrói a alma quando não controlado, não poderá corrigir os erros, alterar as consequências.

O que se deve fazer?

Investir tempo em atitudes que possam ter alguma valia para o problema. Se, enfim, tudo não puder ser resolvido da forma desejada, aceitar é a única solução.

Porém, desistir é inaceitável.

Desistir? Nunca. Cair? Não, eu não caio mais.

Não me prostrarei ao chão com lágrimas no coração e lá ficarei.

Erguer-me-ei uma vez mais, movido e sustentado pelo amor que tentam impedir.

Ninguém pode nos impedir de sentir, nem a dor, nem a distancia, muito menos outras pessoas. Se precisar ser, o tempo passará, e então, novamente a felicidade reinará, e aí, ninguém poderá impedi-la.

Sim, pois esse é um amor mais forte que muita coisa que possam já ter visto, pois salvou-nos de todas as formas que alguém pode ser salvo, ensinou a ambos o verdadeiro sentimento do amor correspondido entre um homem e uma mulher, transformou a ambos, o garoto virou homem, a garota virou mulher. Mostrou que é capaz de existir a felicidade plena sem um motivo especial. Está-se apenas feliz, e isso basta. Basta por que a pessoa está ali, ao nosso lado, também feliz.

Ah, se o arrependimento matasse...

Estaria eu enterrado dezenas de palmos abaixo da terra.

Se o arrependimento curasse... Hoje nada disso estaria acontecendo. Hoje tudo estaria bem e eu não estaria sentindo como se uma faca de prata, fria como a morte, se fincasse no meu coração todas as vezes que penso que não verei aquele sorriso, aqueles olhos, ouvirei aquela risada, aquela voz sussurrando o meu nome, por um bom tempo ainda.

Mas... não. Quem disse que tudo está perdido?

O arrependimento não mata nem cura, nem nunca matará ou curará. Não se morre, também, de dor no coração e saudade. Ambos, porém, podem inspirar a perda da força de vontade.

Mas, novamente, não. Usarei tais sentimentos tão dolorosos, se for realmente necessário, para me fazer continuar em frente e cada vez mais em frente, para cima, para poder lutar pelo meu amor.

E então, um dia, e juro que esse dia não demorará a chegar, estaremos juntos novamente. Se quiserem impedir, não poderão, apenas nos forçarão a fazer coisas que não queremos, a providenciar, quem sabe, uma quebra das regras, um afastamento não desejado.

Mas, se chegar a tal ponto, infelizmente não restará escolha.

As regras estão sendo impostas. Tais regras serão seguidas.

Regras, entretanto, foram feitas para serem quebradas, em sua maioria. Assim que se tornar possível, plausível e tangível, nada nos impedirá de por tais regras abaixo.

A vida é uma questão de escolhas. Uma escolha minha desencadeou essa situação. Uma escolha de outras pessoas está agravando-a sem necessidade, o que apenas nos obrigará a tomar outra escolha.

Mais uma vez, é uma questão de escolher. Escolhemos o nosso futuro. Escolheram dificultá-lo. Escolheremos realizá-lo, não importam as escolhas que precisarão ser feitas para que isso aconteça.

Porque só esqueceram de enxergar uma coisa: nós estamos juntos, nada poderá nos separar, pois não é a distância entre nossos corpos que faz o nosso amor, mas sim a distância entre nossos corações, nossos espíritos, e ambos estão unidos.
Nenhuma escolha pode separá-los.

2 de janeiro de 2012

A dor e a nossa mente


Me espanto cada vez mais com o poder que a nossa mente possui.

Podemos realizar dezenas de tarefas, acumular infinitos conhecimentos e, quanto mais acumulamos, mais podemos acumular. Podemos pensar e realizar mais de uma coisa ao mesmo tempo e, quanto mais praticamos, mais coisas e com mais eficácia podemos fazê-las.

Podemos lidar com inúmeros sentimentos e ir da extrema felicidade ao absurdo pânico da tristeza. Podemos lidar com esses sentimentos de variadas formas, basta apenas escolhermos a forma como queremos lidar.

Entramos em pânico se quisermos entrar, ficamos calmos se quisermos ficar.

“Você não sabe o tamanho da sua força até que sua única opção é ser forte”.

Incrível como uma escolha, uma atitude, pode se desdobrar em tantos outros acontecimentos. Incrível como uma única escolha pode mudar totalmente a nossa vida.

“A gente não vai pode mais ficar junto, me desculpa. Não manda mais nenhuma mensagem... Eu te amo. Adeus”.

Entro em pânico ou não?

Com certeza o pânico foi a primeira coisa que a minha mente pensou. Pânico, medo, dor, tristeza.

Mas não. Um instante depois, sem que eu nem percebesse, minha mente bloqueou esse sentimento sem que eu nem mesmo decidisse que ia fazer isso. Por outro lado, sei que é o que devo fazer.

O pânico não ajuda a pensar e não nos faz tomar as atitudes corretas.

A cada segundo desde que li a mensagem, sinto-o, porém, agitando-se dentro de mim, ameaçando me dominar, apertando meu peito com suas garras de aço, ameaçando esmagar o meu coração.

Muito maior que o pânico pode se tornar, há o amor, que toma meu coração por completo e não permitirá que eu perca a racionalidade, que eu me desespere e não consiga tomar as atitudes que precisarei tomar.

“Adeus...”

Não, nunca. Não aceitarei um adeus, não enquanto eu souber que no outro coração também pulsa um amor, amor por mim. Eu lutarei, lutarei com todas as minhas forças, “armas”, lutarei com o meu amor, pelo meu amor, pela minha felicidade, pela dela, pelo nosso sonho de ficarmos juntos.

“Um sonho sonhado a dois se torna realidade”.

Sonhamos o nosso sonho a dois, investimos todas as nossas expectativas nele e, por mais que eu tenha fraquejado e errado, o sonho está aqui, junto com o amor, e ainda mais forte do que antes. Deus sempre ajuda aqueles que querem ser felizes, sempre. Por que ele não iria nos ajudar agora? Por quê? Sei que vai, acredito e confio nele, sei que ele estará ao nosso lado. Porém, quem precisa agir somos nós, e eu agirei, não ficarei parado e aceitarei essa imposição. Não. Não podem nos impedir de sermos felizes, de ficarmos juntos. Ninguém pode. Se Deus está do nosso lado, quem realmente pode ficar contra nós?

Ninguém pode.

Eu não vou desistir de você, Amanda, não vou, nunca. Aguenta firme e não desista de mim, por favor. Vai dar tudo certo, você vai ver, vamos fazer dar. Confie em mim. Eu vou fazer dar certo.

Eu amo você e te amarei até o fim, até a luz do Sol se apagar, até que a última estrela deixe de brilhar, e apenas isso já é o suficiente para eu nunca desistir de você.

1 de janeiro de 2012

O nascer do novo ano



Muitos podem pensar: “Mas eaí, tem que chover assim logo no primeiro dia do ano?”.
E então, observando e ouvindo a chuva torrencial que passa pelo lado de fora da minha janela, eu penso: “Sim, tem que chover. A chuva tem que cair forte e com cada vez mais força para poder lavar das ruas, dos ares, das cidades, deste nosso país, das nossas almas, as sujeiras do ano que passou, os erros, os deslizes, os tropeços, para então entrarmos em uma nova fase, limpos, sem máculas, com a vontade imaculada de fazer da nossa vida, aquela que queremos poder viver. Um dia de chuva é um dia belo, pois é a chuva que proporciona a primavera, o nascer das flores, o aparecer do arco-íris. É a chuva quem gera a vida, e é esta chuva que cai neste primeiro dia para regar o nascer deste novo ano, que irá regar nossas almas para que nelas possam florescer as mais belas e perfeitas flores de felicidade”.

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Online Project management