10 de setembro de 2010

A magia das palavras


As palavras tem uma influência gigantesca na nossa vida, sentimentos, emoções, atos, reflexos, reações, pensamentos, perguntas, palavras.
Uma palavra pode fazer uma pessoa chorar, enquanto a outra sorri. Às vezes uma terceira pessoa faz as duas coisas ao mesmo tempo. O fato é que as palavras tem poder. Nada místico ou mágico, mas elas nos influenciam a cada instante, seja nos fazendo comprar, rir, chorar, amedrontar, amar.
A palavra escrita, eu diria, tem mais força que a palavra falada. Alguns dirão que não, porém, vamos analisar:
É claro que uma palavra falada pode fazer uma pessoa sentir com muito mais facilidade (veja, eu disse facilidade, não intensidade) do que uma palavra escrita. Mas... ela faz isso sozinha?
Não.
Uma palavra dita, apenas dita, sem entonação ou inflexão, não faz nada. Nem mesmo uma palavra tão bela quanto o amor, ou tão intensa quanto a paixão. Para que uma palavra falada tenha seu efeito, o tom da voz tem que ser modificado, o jeito que se fala, a velocidade, volume, o jeito que se olha e toca o nosso interlocutor, que se respira, transpira, sente e pressente. Vários fatores se unem à palavra falada para que ela tenha o efeito desejado, ainda que ela seja dita com sentimento, não pode fazer nada sozinha.
Já a palavra escrita, é diferente. Não é tão fácil se fazer sentir com um texto, porém pode ser tão ou até mais intenso do que quando a palavra é dita, basta apenas que quem escreveu tenha colocado sua intenção, seu sentimento em cada palavra, cada sílaba, letra, espaço e acento. É mais difícil porque você não vê a pessoa que fala, não tem todos os meios como a entonação da voz, volume e etc, que existem nas palavras ditas. Porém, quando a escrita é bem feita, tais coisas se tornam desnecessárias. Com algumas palavras escritas, pode-se fazer uma pessoa chorar de alegria ou terror, fazer os pelos do corpo se arrepiarem, o coração bater mais forte, a imaginação trabalhar loucamente, a mente ficar calma como água correndo na fonte.
Não sei se tenho o dom de fazer tais emoções e sentimentos despertarem através das palavras, posso, porém tentar. Tentar não mata ninguém certo? ;D
Concentre-se na leitura e deixe as emoções fluírem livremente. Um pequeno trecho do meu livro...
“Liberei as correntes de ar para que elas circulassem normalmente e abaixei os braços. Mantive, porém, a proteção ao nosso redor. Fih embainhou sua espada. Virei-me no mesmo lugar, assim como ela, para que não saíssemos dos limites do campo, mesmo que fosse apenas um dedo.
Na mesma hora percebi que não foi uma boa idéia. Praticamente não havia distância entre nós e seu corpo praticamente tocava no meu, o que acontecia na altura do peito. Sua respiração acelerou junto com a minha e eu ouvi o coração dela acelerar, assim como eu sabia que ela podia ouvir o meu. Seu hálito fazia cócegas no meu rosto e eu sentia o cheiro da sua pele ainda mais concentrado ali.
Seu cabelo brilhava muito levemente com as luzes da cidade não muito longe. Seus olhos corriam pelo meu rosto, alternando entre os meus olhos e a minha boca.
Minha força de vontade estava sendo minada rapidamente pela sua beleza e a nossa proximidade, sem contar todas as emoções que vieram crescendo dentro de mim nos últimos meses. Comecei a me aproximar sem que eu precisasse pensar nisso e ela fez a mesma coisa. O pensamento racional me dizia que eu não devia fazer isso, porém as emoções estavam é mandando a racionalidade à merda. E as emoções sempre falam mais alto que a razão.
Nossos lábios se encostaram suavemente e a boca da Fih se abriu um pouco, quase que instintivamente. Não consegui manter os meus fechados por muito tempo. Abri-os lentamente, fazendo com que os da Fih me imitassem. Ela olhava para mim com olhos semicerrados e eu não conseguia desviar o olhar. Eu estava preso ali e não tinha força de vontade que pudesse me fazer parar agora.
Passei meus braços rapidamente ao redor da sua cintura, sem nem me lembrar de ter pensado nisso. Puxei-a para perto, colando-a em mim, e a minha mão esquerda tocou em uma boa parte da pele das costas que ficava exposta pela blusa. Passei minha mão por baixo da roupa, espalmando-a nas suas costas quentes, entre as escápulas. Com o outro braço eu envolvi seu corpo pouco abaixo da cintura, sentindo o tecido de sua calça na pele.
Ela segurou com força no meu cabelo com uma mão e fechou os olhos. Beijou meus lábios com doçura e eu retribui o beijo uma, duas, três vezes. A Fiama puxou meu cabelo pela raiz até quase doer. Eu separei seus lábios praticamente com a língua e ela não demorou nem um pouco em responder.
Beijei-a com intensidade, que não ficou restrita apenas a mim. Ela correspondeu com vontade, passando as mãos pelas minhas costas e se puxando para mais perto de mim com força.
O gosto da sua língua, do seu beijo, era ainda melhor do que eu tinha imaginado.
Segurei seu cabelo bem perto da raiz também, o que causou uma reação positiva nela, aumentando a intensidade do beijo. Nossas bocas combinavam perfeitamente.
Inconscientemente, comecei a descer a outra mão. Foi passando pelas costas rapidamente, acompanhando a coluna e logo já alcançou o tecido da calça. Percebi o que estava fazendo e me detive por um instante. O desejo falou mais alto e não consegui mais me segurar. Fui descendo a minha mão devagar, esperando pela reação dela.
Quando minha mão inteira já estava em uma de suas nádegas, ela me deteve. O beijo parou por um instante, sem que nos separássemos, e sua mão segurou a minha. Apertei de leve a mão que estava por baixo da dela e mordi de leve seu lábio inferior. Ela pareceu se entregar e tirou a mão da minha, arranhando meu braço pelo caminho.
Desci a mão até a sua coxa e segurei com firmeza. Eu acariciava seu corpo com delicadeza e firmeza, mas alguma coisa estava incomodando dentro da minha cabeça desde o começo, como um zumbido.”

Conseguiu sentir? Talvez sim, talvez não. Como eu disse, não sei se tenho esse dom. Valeu a tentativa. Vamos ver então um outro sentimento.
Mais um trecho do meu livro:
Um grito agudo, de dor e medo, cortou o ar, chegando até mim. Não era a mesma voz que havia rido. Não era uma voz de orc, nem élfica.
Era uma voz humana.
E eu sabia no fundo do meu coração a quem pertencia aquela voz, mesmo eu nunca tendo ouvido ela produzir tal som.
Um medo imenso penetrou fundo na minha mente e no meu peito. Corri a toda velocidade naquela direção, sem prestar atenção em nada ao meu redor. Graças a essa desatenção, fui atingido por um pé imenso.
Um troll estava perseguindo um elfo ferido e acabou me acertando. Eu voei novamente, mas dessa vez eu tinha um objetivo. Parei o vôo no meio do ar, a dez metros do troll que urrava e já vinha na minha direção. Senti uma dor aguda onde ele tinha me acertado, bem no peito, mas não me preocupei com isso. Embainhei minha espada e avancei na direção de um orc. Quebrei seu pescoço com um movimento rápido das mãos e peguei a lança que ele segurava. Segurei-a com firmeza com uma só mão e corri de encontro ao troll.
Saltei quando estava a três metros dele e joguei o ombro para trás. Eu estava um pouco mais alto que a sua cabeça. Ele esticou a mão para me pegar. Eu urrei e estoquei com toda a minha força.
A lança penetrou no seu capacete e fincou-se até metade do cabo na cabeça, saindo nas costas. Deixe-as lá mesmo e saltei por cima dele antes mesmo que começasse a cambalear. Não olhei para trás e voltei a correr na direção de antes.
Eu podia ver agora o lugar da explosão. A grama estava queimada em um amplo circulo e havia vários elfos ali fazendo uma linha, tentando impedir o avanço das tropas inimigas. Ouvi novamente a risada gélida, mas não parei para ver o que era. Fui direto para a parte de trás da linha onde um elfos corria na direção de uma massa escura no chão.
- Elke! – eu gritei, praticamente sem voz já.
Ele me ouviu e parou.
- O que aconteceu? – eu o alcancei. Seu rosto estava pálido e ele não fez a cara de desprezo que sempre fazia para mim.
- Eu não sei de onde ela surgiu Willian. Estávamos enfrentando aquele mago. Então a Lea foi golpeada e arremessada longe. Eu fui atrás dela. Quando cheguei lá, vi que ela estava bem, não muito ferida. Curei seus machucados. Foi nessa hora que ouvimos um grito de gelar o sangue.
- Onde ela está? ONDE ELA ESTÁ? – gritei para ele.
Ele me levou, correndo, para um ponto mais afastado da batalha. A massa escura no chão que eu tinha visto antes.
Ele parou alguns metros longe, me deixando prosseguir sozinho. Parei derrapando ao lado da Lea, que estava debruçada ao lado de um corpo. Joguei a espada embainhada e o escudo no chão.
- Lea. – minha voz estava trêmula.
- Me desculpe Will. Eu não sei o que deu nela. Ela tentou me proteger, atacou o mago quando ele me acertou. Não sei de onde ela saiu.
Não. Não. Não podia ser verdade! NÃO PODIA!
Olhei para o corpo que ela amparava.
Seu rosto estava todo machucado, com vários pequenos cortes, sujo de sangue dos outros e do dela próprio. Havia uma feia queimadura por baixo de uma parte derretida da sua armadura. A roupa estava queimada e sua pele nem vermelha estava. Parecia estar carbonizada.
Um pânico sem tamanho tomava conta de mim. O ar parecia não querer entrar nos meus pulmões. Olhei para o seu rosto cheio de dor novamente.
- Bruna. – sussurrei com o fôlego que não tinha.
- Eu não estou conseguindo curar esse ferimento Will. Por mais que eu tente, não dá. Já não sei quanta energia eu liberei e nada muda. Ela perdeu a consciência há alguns minutos. – ela deu uma pequena pausa, esperando que eu falasse – A última coisa que ela disse foi o seu nome.
Lágrimas brotaram tão fortes pelos meus olhos que eu fiquei sem ver nada. Enxuguei-as bruscamente e segurei o rosto dela com as mãos.
Não, ela não podia estar morta. Não!
Senti uma leve brisa em uma mão, que estava bem abaixo do seu nariz.
- Ela esta viva! – gritei para a Lea.
- Está. Mas não sei quanto tempo ela pode agüentar. Não consigo curá-la e não sei onde estão Galdor ou Gladheron. Não sei nem se eles podem curar um ferimento desses.
- Cala a boca! – gritei para ela, furioso. Uma nova onda me impelia agora. Ela não tinha morrido, ainda não. Eu ia salvá-la, eu tinha que salvá-la... Mas como? – Ela não vai morrer. – falei entredentes.
Passei meus braços por baixo do seu corpo e a peguei no colo. Levantei e olhei em volta. Eu tinha que fazer alguma coisa!
- Will... o que você pode fazer? – a voz da Lea estava cheia de pena.
- Você prefere deixá-la morrer sem fazer nada? – gritei para ela novamente. Eu não desistiria tão fácil
- É claro que não Will! Mas.. não sabemos como salvá-la.
- Eu sei! – gritei, mas na realidade não sabia – Tenho que saber. – lagrimas caíram novamente pelo meu rosto, molhando as roupas destruídas da Bruna.
Elke se aproximou lentamente. Seu rosto estava transtornado com o meu desespero.
Pensa. PENSA! Gritei para mim. Eu tinha que achar um jeito.
Pensei em Sonnior. Mas se a Lea não tinha sido capaz, ele não conseguiria. Mas... espera ai. Pensar nele me fez lembrar de outra coisa. Algo que ele tinha me dito.
- Apenas se realmente precisar... não foi isso que ele disse? – sussurrei enquanto pensava. Era isso. Eu tinha que encontrá-la.
Virei-me na direção da floresta.
- O que você vai fazer Will? – a voz da Lea estava cheia de dor. Olhei para ela e vi que haviam lágrimas nos seus olhos.
A risada gélida cortou o ar novamente.
- Eu vou salvá-la. – a convicção em minha voz podia convencer qualquer um que eu conseguiria.
Virei-me para o Elke.
- Acaba com ele pra mim.
- Pode deixar. – um brilho de ódio relampejou por seus olhos e dentro de mim.
Sem perder mais tempo, sai correndo na direção da floresta.
Eu corria mais rápido do que já tinha corrido na minha vida. Tudo passava como um borrão para mim. Eu pulava corpos e lutas, às vezes viajando vários metros no ar, para cair cada vez mais perto do meu destino. A floresta. Eu tinha certeza de que se chegasse na floresta eu poderia salvá-la.
Mas ela estava tão longe.
Várias horas já haviam se passado desde o começo da batalha. Mais um pouco o Sol subiria pelo horizonte e a hora mais escura de um dia, era a que precedia o amanhecer, onde, mistificamente, as criaturas malignas seriam mais fortes. Eu não conseguia ver as árvores ao longe. E a cada segundo que se passava a vida se esvaía mais da Bruna. Eu sentia isso como se fosse eu mesmo que estivesse morrendo.
- Agüenta firme meu amor. – eu sussurrava para ela enquanto disparava por entre a batalha.
A essa altura os orcs já estavam entrando na cidade e eu ouvi os tiros ao longe dos arqueiros. Mas eu não podia me preocupar com isso agora, eu tinha que salvar a vida da Bruna.
Continuei correndo e finalmente achei as árvores. Entrei voando por elas, sem me deter para nada. Corri por centenas de metros sem direção, apenas entrando cada vez mais fundo na mata. Tá, eu tinha chegado na mata. Agora, como eu ia encontrá-la?
Comecei a pedir mentalmente, a suplicar para a floresta que me ajudasse. “Por favor, por favor... me ajudem. Não quero para mim, salvem a vida dela, por favor”. E continuava correndo totalmente sem rumo.
Não sei dizer quanto tempo eu procurei e corri. O tempo tornou-se algo totalmente abstrato e sem importância. Só sei que em determinado momento eu senti que ela morria. O ultimo sopro de vida ameaçava abandonar seu corpo. Sem saber como eu estava fazendo aquilo, comecei a transferir minha própria energia para o corpo dela, mantendo seu coração batendo. Eu podia ouvi-lo e ele estava cada vez mais fraco. Passei a sustentá-la com a minha força enquanto continuava correndo e suplicando.
- Por favor! – eu gritava agora – Salvem a vida dela. Não deixem que ela morra. Por favoor! – minha voz ecoava pela mata e morria ao longe.
Novas lágrimas caíram dos meus olhos quando eu sentia que já não podia mais correr. Eu dispensava cada vez mais energia para mantê-la viva. Se continuasse assim, nós dois morreríamos ali, sozinhos, no meio da mata. Eu até gostava da idéia.
Continuei andando, sem parar de procurar algo que eu nem sabia se realmente existia.
Finalmente minhas pernas perderam a força e eu cai de joelhos no chão. Meus braços não agüentavam mais segurá-la. Sentei nos meus pés e apoiei seu corpo no meu, trazendo-o mais para perto. Olhei em seus olhos, fechados e imóveis, sentindo que a vida se esvaía também de mim enquanto a mantinha viva. Minha mente fraquejou e meu dom se desligou. Eu ainda ouvia o som do seu coração, e também do meu. Os dois estavam quase no mesmo ritmo agora, aproximando-se de suas ultimas batidas.
Minha visão começou a falhar e eu sentia que a morte se aproximava. Do campo de batalha ela estendeu uma de suas garras para nos levar.
O tempo inteiro eu sabia que era isso que ia acontecer. Eu não conseguiria salvá-la. A meses eu sabia que ela morreria, só naquela hora percebi.
- Bruna. Eu te amo. – movi os lábios, sem força para falar.
Minha vista escureceu e seu rosto se tornava menos nítido. Seu corpo mutilado drenava as minhas últimas reservas de energia. Eu estava conformado com a idéia e deixei que isso acontecesse.
Eai? Emoções completamente diferentes, certo?
O meu último post, “Não leia de noite”, da uma outra ideia de como as palavras podem produzir diversos efeitos!
Essa é a arte, a magia das palavras.

2 comentários:

Vinícius RF disse...

Fico mto bom o texto!rebloguei no meu tumblr com direitos autorais!
Mas a fonte dos trechos do seu livro ficaram praticamente impossiveis de ler, só com lupa, entao cortei fora =/
Mas fico mto bom o texto!

Phamela Silva disse...

Meu Deus,Gustavo ... eu preciso ler o seu livro !
Urgentemente.
hahaha' i love u !

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