Gaveta Abandonada: Entrevista com o autor: Gustavo dos Reis: Olá gaveteiros! Hoje trago a entrevista com o Gustavo dos Reis, autor do livo "Herdeiros da Luz - O Início da Guerra das Sombr...
16 de dezembro de 2011
15 de dezembro de 2011
Resenha: Harry Potter - Série
Autora: J. K. Rowling
Série: Harry Potter
Editora: Rocco
Skoob: Livro
Harry Potter e a Pedra Filosofal
Harry Potter é um garoto órfão de 10 anos que vive infeliz com seus tios, os Dursley. Até que, repentinamente, ele recebe uma carta contendo um convite para ingressar em Hogwarts, uma famosa escola especializada em formar jovens bruxos. Inicialmente Harry é impedido de ler a carta por seu tio Válter, mas logo ele recebe a visita de Hagrid, o guarda-caça de Hogwarts, que chega em sua casa para levá-lo até a escola. A partir de então Harry passa a conhecer um mundo mágico que jamais imaginara, vivendo as mais diversas aventuras com seus mais novos amigos, Rony Weasley e Hermione Granger.
Harry Potter é a mais fantástica série que já li até hoje.
Alguns podem dizer que O Senhor dos Anéis é mais bem elaborado, com muito mais detalhes, uma história gigantescamente maior, que passa por eras e eras. Sim, nisso terei que concordar, mas isso não é tudo do que uma história é feita.
Harry Potter tem um sentimento muito, muito maior. Harry Potter passa uma lição muito maior.
Alguns pensam que o ponto chave da história é a guerra entre Voldemort e Harry. Estão enganados. O maior protagonista desta série é um simples, porém gigantescamente complexo, sentimento. O amor é a causa primária de tudo.
O amor, como Dumbledore disse dezenas de vezes, é capaz de tudo, vence a mais poderosa das magias, e seria a arma de Harry contra Voldemort, o seu trunfo sobre o bruxo que não podia amar. E, no fim das contas, foi graças ao amor que Harry pôde vencer.
Milhões de jovens por todo o mundo cresceram junto com Harry, e eu fui um deles. Amadurecemos junto com a personagem, vivemos seus conflitos, nos angustiamos com suas lutas, sentimos medo, dor, choramos, amamos, ficamos felizes, tudo isso através das palavras de Rowling.
Alguns dizem que a J.K. não é uma autora assim tão boa, afinal "depois de Harry Potter ela não escreveu mais nada". E nem precisa, na verdade. Harry Potter é uma obra-prima que nenhum outro autor até hoje conseguiu criar, nem mesmo Tolkien e suas dezenas de livro sobre o seu universo e sua língua inventada.
Rowling foi mais fundo que todos os outros, foi até o íntimo de cada um de seus leitores e plantou a sementinha chamada "Harry Potter" lá, fazendo nascer um amor e uma amizade incompreensíveis para aqueles que não tiveram a mesma sorte. Sim, por que é uma sorte poder viver tudo o que vivi pelas páginas que li.
Harry Potter é um livro para ser relido muitas vezes, pois só assim pode-se entender a profundidade da história, que vai muito além de um bruxo numa escola de bruxaria.
Ou será que alguém que leu apenas uma vez a série percebeu que a guerra contra Grindewald aconteceu na época da Segunda Guerra Mundial? Ou então que Voldemort protagonizou a Guerra Fria? Ou muitos outros detalhes intrinsicamente ligados entre cada um dos livros? Sim, pois há detalhes que são explicados no sexto ou sétimo livro e que são citados logo no primeiro.
A história de Harry Potter, O Menino que Sobreviveu, tenho certeza, será ainda contada, lida e relida por gerações. Nós, porém, temos a sorte, a imensa sorte de termos vivido na geração em que Harry Potter nasceu, cresceu e não morreu, que sobreviveu a 7 embates diretos contra Voldemort, a personificação do mal que toma conta de nosso mundo. Temos a sorte de ter acompanhado essa história durante sua criação, e esse prazer, esse presente, ninguém nunca poderá tirar de mim
14 de dezembro de 2011
A casa das almas
Todos os dias eu passava na frente daquela casa. Ninguém gostava de passar por ali, mas éramos obrigados a isso.
A casa era isolada de tudo o mais, bem no meio de uma clareira já meio tomada pela vegetação e ficava na única curva da estrada de terra, escondida pela angulação. Você estava andando e, de repente, a casa aparecia na sua frente, como uma assombração, e, do mesmo jeito que vinha, quando você olhava para trás, ela simplesmente não estava mais lá. Era assustador.
Nunca íamos sozinhos pela estrada, sempre em grupos. Isso porque havia uma história, da infância de nossos pais, de que uma vez um grupo de amigos entrara ali, com o propósito de explorar a casa, como muitos de nós alguma vez já tivemos vontade de fazer, mas nunca criamos a coragem necessária. O fato é que eles criaram e entraram.
Dias se passaram desde a entrada deles até que a polícia foi enviada numa manhã ao local por um integrante do grupo que não teve coragem de entrar. Vasculharam a casa inteira à procura deles. Ninguém foi encontrado. Não havia vestígios da presença deles, nem de luta, ou, na pior das hipóteses, sangue. Eles simplesmente desapareceram. Os policiais disseram que o ar lá dentro era pesado, difícil de respirar e era como se uma presença os espreitasse em cada cômodo, cada corredor, cada fresta. No segundo andar da casa, encontraram um alçapão no teto, uma entrada para um sótão, dentro do quarto mais afastado da entrada.
Eles tentaram chegar perto, com o intuito de abri-lo, mas todos perderam a coragem. O que quer que existisse na casa, estava naquele sótão. O silêncio era mais do que profundo, era audível.
Não sabem quanto tempo ficaram lá, o fato é que eles não demoraram a vasculhar a casa inteira e encontraram o alçapão uma hora depois de entrarem. Segundo eles, logo depois de o encontrarem, saíram praticamente correndo da casa, assim que conseguiram se mover. Só que, quando saíram, já era quase noite.
Esse foi o único dia que procuraram pelos garotos. Depois do relato dos policiais, nem mesmo a família dos desaparecidos quis que as buscas continuassem. Nunca mais falaram da história.
Mesmo assim ela se perpetuou e chegou até mim, até nós, a outra geração. Ninguém nunca mais entrou naquela casa. Segundo os mais velhos, ela continuava exatamente como sempre foi: silenciosa, escura e amedrontadora.
Eu estava saindo de casa, mas estava atrasado.
Parei na entrada da estrada, sozinho, e, reunindo toda a minha coragem, entrei por ela. Fui andando rapidamente, quase sem levantar os olhos do chão. Talvez fosse apenas o medo, mas o caminho parecia mais longo do que o comum.
Senti uma forte sensação no peito, um aperto quase doloroso e, contrariando todos os meus instintos e também a razão, olhei para frente.
Eu estava na frente da casa, virado para ela, que me encarava com suas janelas pregadas e malignas. Olhei para um lado e depois para o outro. As luzes brilhavam quase que longe demais.
A casa, porém, estava nítida. Ela parecia emanar uma luz negra, que mostrava, mas não iluminava.
Não sei quanto tempo fiquei parado ali, apavorado demais para conseguir me mexer. Alguma coisa lá dentro me chamava, convidando-me a entrar.
Dei um passo à frente, minha parte racional lutando inutilmente contra a força que me impulsionava. Não era eu que estava dando o comando para minhas pernas.
Cheguei mais perto do portão de muros baixos, que se abriu silenciosamente um pouco mais para me receber, receber minha alma. Meus olhos estavam presos pela escuridão do umbral da porta que, pelo que eu me lembrava, deveria estar ali, pregada como havia sido pelos policias há décadas. Em seu lugar havia apenas um buraco que engolia tudo ao redor: sons, luzes, emoções, sentimentos, vidas. Passar por ali significaria não voltar.
Estava parado no hall agora. Nada era discernível dali. Dei mais um passo e atravessei a soleira. Nesse momento, tudo silenciou, inclusive minha mente. Meus instintos ainda me diziam, gritavam, que eu não deveria estar ali, porém eu não era mais capaz de produzir um pensamento sequer.
Andei mais para frente, adentrando no íntimo daquele lugar. De repente, estaquei. Havia alguém, algo, ali. Levantei rapidamente os olhos do chão e o que estava lá não estava mais. Vi apenas o vislumbre de uma capa negra. Não se moveu, mas se fundiu à escuridão.
Dei uma volta no meu corpo e olhei atrás de mim, esperando ver a porta por onde entrei. Não havia mais nada, ali.
Vi mais daqueles vultos encapuzados, mas, sempre que eu fixava um deles, eles misturavam-se à escuridão sua criadora. Deixei que meus olhos desfocassem. Pelo canto dos olhos comecei a enxergar suas figuras formando-se ao meu redor. Um círculo amplo me envolvia, suas cabeças baixas cobertas por capuzes negros, mais negros que a noite eterna que envolvia o lugar. As silhuetas saltavam aos olhos. Eram pelo menos uns vinte, a me cercar e observar, apavorar.
Tentei gritar de terror quando percebi movimentos na minha direção, mas minha voz ficou presa na garganta. Precipitei-me na direção de um deles, seu corpo imaterial dissolvendo-se no ar ao encontro do meu. Corri sem direção, sem saber para onde ir.
Tropecei em alguma coisa e caí. Bati meu rosto com força em algo que estava acima do nível do chão. Tateei ao redor e percebi que estava em uma escada. Estendi um pé para baixo, me levantando, e, ao invés de encontrar o chão plano de antes, encontrei apenas mais um degrau. Desci-o e, embaixo, havia outro e mais outro.
Senti o sangue que escorria pelo meu rosto, a dor abafada em algum lugar distante do meu cérebro entorpecido.
Subi correndo a escada, sabendo que aquilo não era uma boa ideia. Uma pequena parte de lógica surgiu na minha mente e disse que não havia pior ali, a morte não estava em cima. A casa era a própria morte, um terror sem fim.
A escada terminou abruptamente e eu tropecei, quase caindo. Estendi as mãos e percebi que estava em um corredor. Sussurros pareciam encher o ar, bruxuleando ao meu redor.
A casa emanava uma sensação ruim. Parecia haver alguma coisa nas paredes, estranhas formas incrustadas. Fui chegando mais perto de uma delas e, quando estava perto o suficiente para discernir, preferi não ter visto.
Era um rosto. Um rosto apavorado, olhos arregalados de pânico, a boca escancarada em um grito interminável, eterno. Me afastei rapidamente, batendo na parede do outro lado. Senti o roçar leve de fios de cabelo no meu rosto. Me virei e deparei com outro rosto, a centímetros do meu, a mesma expressão de terror, a garganta visível como uma escuridão engolfante.
Os olhos de repente se mexeram, fixando-me. Atrás de mim eu sabia que o outro rosto fazia o mesmo. Comecei a me afastar, avançando no corredor. Os rostos começaram a se separar da parede, revelando corpos disformes que eu não me interessei em avaliar. As bocas abertas sorriam para mim nas bordas. Choquei-me contra algo que estava no meio do corredor. Antes mesmo de olhar, eu já sabia o que era.
Outro rosto, e mais um, estavam ali, já fora da parede, diferentes entre si, iguais em seu eterno terror. Eu sabia quem eles eram, os quatro que, há décadas, entraram na casa para nunca mais voltar.
Sem conseguir gritar, desviei-me daquelas assombrações e rumei descontrolado para o fim do corredor, que sumiu abruptamente, revelando um cômodo mais largo, uma janela pregada ao fundo. Olhei para trás, esperando ver as assombrações me perseguindo. Não havia mais nada ali.
Algo me observava de trás. Girei o corpo e levantei os olhos para o teto.
O alçapão. O sótão.
Minha mão subiu contra a minha vontade, indo em direção a ele, que me chamava irresistivelmente.
Agora eu já sabia o que aconteceria. Eu não morreria. Me transformaria em mais um rosto na parede, paralisado para sempre no terror do momento que levaria minha alma, deixando um corpo vivo para sempre, mergulhado no terror e na escuridão.
Parei o movimento pela metade, pouco antes de alcançar a alça no teto baixo. A presença que se agitava por trás daquela porta ficou mais forte, mais próxima. Me afastei, tropecei nos meus pés e cai.
Antes de chegar ao chão, o alçapão se abriu violentamente com um barulho e eu gritei, gritei com toda a minha força, mais alto do que já tinha gritado na vida, quando um rosto, uma sombra, uma escuridão, o terror, avançou sobre mim, seus dentes arreganhados prontos para me engolir, os cabelos negros esvoaçando ao redor enquanto ela me abraçava em um aperto inquebrável e eu sentia que virava parte daquilo tudo, me transformando em mais uma assombração no corredor, vivo e morto ao mesmo tempo, eternamente aprisionado.
Senti que tudo o que eu tinha sido era sugado de mim, o som ensurdecedor de um vento feroz passava pelos meus ouvidos, abafando meus gritos desumanos, meu corpo ficando cada vez mais gelado.
Por fim, senti apenas um vazio, um vácuo dentro de mim, a falta de qualquer coisa, de tudo. Estava condenado para sempre.
13 de dezembro de 2011
Harry Potter - A história de uma geração
Harry Potter é a mais fantástica série que já li até hoje.
Alguns podem dizer que O Senhor dos Anéis é mais bem elaborado, com muito mais detalhes, uma história gigantescamente maior, que passa por eras e eras. Sim, nisso terei que concordar, mas isso não é tudo do que uma história é feita.
Harry Potter tem um sentimento muito, muito maior. Harry Potter passa uma lição muito maior.
Alguns pensam que o ponto chave da história é a guerra entre Voldemort e Harry. Estão enganados. O maior protagonista desta série é um simples, porém gigantescamente complexo, sentimento. O amor é a causa primária de tudo.
O amor, como Dumbledore disse dezenas de vezes, é capaz de tudo, vence a mais poderosa das magias, e seria a arma de Harry contra Voldemort, o seu trunfo sobre o bruxo que não podia amar. E, no fim das contas, foi graças ao amor que Harry pôde vencer.
Milhões de jovens por todo o mundo cresceram junto com Harry, e eu fui um deles. Amadurecemos junto com a personagem, vivemos seus conflitos, nos angustiamos com suas lutas, sentimos medo, dor, choramos, amamos, ficamos felizes, tudo isso através das palavras de Rowling.
Alguns dizem que a J.K. não é uma autora assim tão boa, afinal "depois de Harry Potter ela não escreveu mais nada". E nem precisa, na verdade. Harry Potter é uma obra-prima que nenhum outro autor até hoje conseguiu criar, nem mesmo Tolkien e suas dezenas de livro sobre o seu universo e sua língua inventada.
Rowling foi mais fundo que todos os outros, foi até o íntimo de cada um de seus leitores e plantou a sementinha chamada "Harry Potter" lá, fazendo nascer um amor e uma amizade incompreensíveis para aqueles que não tiveram a mesma sorte. Sim, por que é uma sorte poder viver tudo o que vivi pelas páginas que li.
Harry Potter é um livro para ser relido muitas vezes, pois só assim pode-se entender a profundidade da história, que vai muito além de um bruxo numa escola de bruxaria.
Ou será que alguém que leu apenas uma vez a série percebeu que a guerra contra Grindewald aconteceu na época da Segunda Guerra Mundial? Ou então que Voldemort protagonizou a Guerra Fria? Ou muitos outros detalhes intrinsicamente ligados entre cada um dos livros? Sim, pois há detalhes que são explicados no sexto ou sétimo livro e que são citados logo no primeiro.
A história de Harry Potter, O Menino que Sobreviveu, tenho certeza, será ainda contada, lida e relida por gerações. Nós, porém, temos a sorte, a imensa sorte de termos vivido na geração em que Harry Potter nasceu, cresceu e não morreu, que sobreviveu a 7 embates diretos contra Voldemort, a personificação do mal que toma conta de nosso mundo. Temos a sorte de ter acompanhado essa história durante sua criação, e esse prazer, esse presente, ninguém nunca poderá tirar de mim.
12 de dezembro de 2011
Estórias
Andei lendo, em uma rede social
fascinante que descobri, algumas várias resenhas de livros que quero/ pretendo
ler. (O título da rede é “Livros, autores, histórias e amigos, todos
conectados...).
Quer algo melhor para um amante
(viciado) dos livros que uma rede social onde o plano principal são eles?
Mas então, buscando os livros que
ainda não tenho e quero ter, fui ler algumas resenhas deles.
É incrível a diversidade de
opiniões que um mesmo livro pode causar nas pessoas, não é? É possível que uma
história (procurei a palavra “estória” na internet e descobri que é algo
inventado e não oficializado. Um neologismo que deve ser evitado, segundo
alguns [ainda que eu goste bastante de neologismos]) seja cansativa e dinâmica
ao mesmo tempo? Atrair por seus detalhes ou então ser maçante por causa deles?
A história ser intrigante e chata?
Pois eu encontrei todas essas
características nas resenhas de um mesmo livro, de vários livros.
Algumas pessoas dizem que um livro
é perfeito, outras dizem que é horrível. O que será que difere tanto a opinião
dos leitores?
É claro que existem histórias
muito ruins sim, e outras que não são muito bem construídas, mas algumas
histórias consagradas, como Harry Potter e O Senhor dos Anéis também atraem
críticas negativas. Será que isso é obra do livro ou então de um leitor
despreparado?
A série crepúsculo é uma que atrai
diversas críticas negativas, principalmente pela natureza dos vampiros da
história, completamente diferente de qualquer outra já escrita antes.
Há um porém, entretanto.
Esta saga está dividida entre os
que a amam e entre os que a odeiam. Não há muitos que ficam no meio termo
caracterizando-a como “uma história boa”. Aqueles que a amam o fazem por já
gostarem de histórias românticas. Aqueles que a odeiam (e muitos nem mesmo
leram os livros) o fazem por desconhecimento, mas, principalmente, por
preconceito.
Conheci a saga crepúsculo pouco
tempo depois dos livros chegarem ao Brasil, um bom tempo antes do primeiro
filme sair. Falando sinceramente? Adoro a história.
Adoro por que peguei-a para ler
sem preconceito ou ideias formadas por filmes deformados (não gosto de
adaptações, quase sempre destroem a história), e então pude apreciar a
narrativa livremente, entender estudar o estilo de escrita de Meyer e apreender
o que ela quis passar.
Um livro deve ser lido assim, sem
preconceito, sem ideias já formadas da história.
Não devemos nem colocar muitas
expectativas em cima dele, nem já começar achando que é ruim. Se as
expectativas forem grandes, podemos nos decepcionar por não acharmos o que
imaginávamos e então acabar perdendo a história, que pode ser muito boa também.
Se já começarmos com uma ideia ruim do livro, nos impediremos de enxergar a
qualidade do texto.
Ao sentarmos para ler uma
história, devemos estar de mente e coração limpos, sem pensamentos ou
sentimentos. Ambos serão gerados pela narrativa, pelo enredo, e são esses
sentimentos e pensamentos gerados que devemos usar para avaliar a história.
Às vezes deixamos de aprender e
absorver grandes histórias simplesmente por que não as lemos corretamente. A
história d’O Senhor dos Anéis é uma das melhores que já li na minha vida. O
estilo de Tolkien, porém, é mais detalhista e minucioso, e muitas pessoas já
começam a ler com medo de se cansarem, do livro ser chato. Concordo que, para
começar lê-lo, temos que nos inspirar e estar dispostos, porque senão a
história se tornará sim, cansativa.
Mas o feeling é esse: quer ler um livro? Limpe sua mente de tudo o que já
ouviu falar sobre ele antes e deixe que a história se mostre através de suas
próprias palavras. Como dizem por aí, não julgue um livro pela capa, nem mesmo
pela capa que os outros criaram para ele.
Acessem: http://www.skoob.com.br
11 de dezembro de 2011
The white side of the moon
Fixo meus olhos na lua, um disco
prateado no céu, recortado contra o negro do espaço infinito, encoberto pelo
cinza pálido das nuvens, mas apenas parcialmente. Em momentos, seus raios
azul-perolados rompem a densidade úmida da chuva que não caiu. Olhando para
ela, penso. Penso e repenso, imagino, desejo. Desejo poder estar lá, mais perto
dela para poder observá-la, sentado em um camarote de nuvens, sozinho, ou
então, não, mergulhado em pensamentos, ou talvez sentimentos.
Desejo, também, pisar em sua
superfície, para então olhara para cá a partir do seu ponto de vista, e ver o
azul, o verde, o braço, e, quem sabe, com sorte, poder observar uma tempestade,
um furacão. E então, flutuando em ares semi gravitacionais, virar-me para o universo
e contemplar sua infinitude negra. O negro, porém, é o que menos se deve dar
pra ver lá de cima.
Com o Sol às minhas costas,
nenhuma luz estará ente mim e as estrelas, e então poderei contemplá-las em
toda a sua grandiosidade, suas infinidades de pontos azuis piscantes, pulsantes
com a vida que emanam.
Como não posso (ainda),
contento-me em olhar a Luz daqui de baixo mesmo e, num local perdido do
interior, onde há mais natureza do que luzes, observar a densidade luminosa da
via-láctea e colocar minha mente para imaginar tudo de novo.
7 de dezembro de 2011
Um alegre dia nublado
As nuvens se
espalham pelo céu, encobrindo seu azul, lançando suas cores melancólicas sobre
a Terra. Dizem que dias de chuva trazem tristeza, que tornam as coisas menos
alegres.
Não acho.
Olho pela janela e,
em seu reflexo inclinado, vejo gotas que parecem disparar em direção ao
infinito, acelerando gravitacionalmente rumo ao horizonte.
Observo a chuva que
cai, fraca como uma garoa levada pelo vento, invadindo marquises e guarda
chuvas, ou então forte, torrencial, precipitando-se intensamente ao
desfazerem-se das soluções saturadas que são as nuvens de chuva. Às vezes o
decantamento ocorre de forma mais brusca, mais fria, e então as gotas
congelam-se em projéteis da natureza que rumam certeiros para seus alvos na
terra, ganhando do ar em sua descida desenfreada.
Há beleza em um dia
de chuva, mas apenas aqueles que quiserem ver conseguirão.
Tal beleza só é
vista, pela maioria, depois, nas flores que crescem, nas árvores que dão frutos,
nos rios que correm e cachoeiras que se formam, ou então no arco íris quando o
Sol aparece. Para que nasçam todas essas coisas, precisou haver um dia de
chuva.
Há beleza no poder
da natureza com sua força transformadora, às vezes destruidora, mas, para a
transformação, é necessário que haja a destruição. Isso se chama evolução.
Sim, eu aprecio a
chuva, a beleza da chuva, a sensação de tomar um banho a céu aberto, de beijar
sob o céu que desaba, de correr de braços estendidos sentindo as gotas
encharcarem meu corpo, suas agulhadas frias na pele, lavando minha alma.
Aprecio o toque
gélido e molhado, o arrepio causado, o prazer destilado, a sede que é morta, a
vida que renasce.
Sim, um dia de
chuva também faz felicidade.
5 de dezembro de 2011
Sinopse - Dragões – A Origem dos Herdeiros da Luz
Próximo livro da série "Herdeiros da Luz"
Dois mil anos.
Há dois mil anos os Dragões surgiram das Trevas para destruir a Luz.
Qual o objetivo? Ainda desconhecido.
A maior batalha entre os mais poderosos opostos elementares se iniciou no centro dos universos, onde todos eles se fundem.
Luz contra Trevas. Um orbe contra os Dez.
A batalha de proporções épicas que iniciou a Grande Guerra das Sombras, a primeira e última guerra universal, parecia fadada ao extermínio total do Exército da Luz.
Quando tudo parecia perdido, a esperança não deixou de sobreviver. As sombras, porém, não desistiriam de lutar.
Milhões de anos-luz longe dali, a Guerra das Sombras assumiu um novo aspecto.
Ambos enfraquecidos, as Trevas ganharam um novo general.
A batalha saiu apenas do campo material e a Luz passou a contar com Aquele Que Sobreviveu e mais dois; com O Grande Mestre e seus Doze.
Juntos, lutarão até a inexistência, se for preciso, usando todas as armas que puderem dispor, mas sem nunca se esquecer da mais poderosa de todas:
O Amor.
Amor que atravessará vidas e séculos, indo muito além da morte, inspirando e derrotando exércitos, até que as almas possam se reencontrar.
E, deste amor, nascerão os Herdeiros da Luz.
“Minha luta, minha vida”
“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que
cativas”
Antoine de
Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe
Para aquele que analisar esta frase ao invés de
apenas lê-la, entenderá tudo o que o autor quis passar com ela e, se já tiver
vivido o suficiente (ou melhor, vivido as experiências necessárias), entenderá
perfeita e completamente o sentido dela.
Amei e fui amado. Amo e sou amado. Duas únicas
condições possíveis para o amor, mas, a primeira, na verdade, ainda apresenta
um erro de entendimento para aquele que lê. Na verdade apenas uma condição
existe para o amor:
Amar e ser
amado.
Aquele que diz que amou e não foi correspondido, não
amou. Imaginou, pensou, até sentiu que amou, mas, na verdade, não foi amor de
verdade. Não foi por que o amor não pode ser sentido sozinho, não é um
sentimento de um só. Um antônimo perfeito para o amor é o egoísmo, que pensa em
si e é sentido por si. O amor não pode ser assim. O amor pensa primeiro no
outro, e depois no outro outro e por assim vai, até chegar, finalmente, por
último, em nós, em mim, naquele que ama.
O amor pode é não ser valorizado. Sim, isso o amor realmente pode. O amor pode ser
sentido por duas pessoas, e então ser desprezado por uma delas. Esse é o
verdadeiro caso do amor não correspondido.
Ter a certeza da condição necessária para a
existência de um amor não correspondido só torna ainda mais doloroso vivê-lo.
O amor é muitas coisas, também é idealizado de
muitas formas, mas uma coisa que, com confiança, posso afirmar sobre o amor, é
que ele é aprendizado. E, talvez, o
amor não correspondido seja o maior doutrinador de todos. Se não, um dos
maiores.
O amor não correspondido dói, machuca, faz sofrer,
abre feridas que não se fecham nem mesmo com o tempo, entristece, nos coloca
para baixo, nos faz ter vontade de desistir da vida.
Falo com ganho de causa, pois vivi por pelo menos
cinco anos um amor não correspondido. E, pela experiência vivida, afirmo: o tempo não cura tudo.
O tempo pode fazer com que as bordas da ferida
cicatrizem, mas nunca conseguirá fazer com que o ferimento se feche, nunca
preencherá o buraco aberto em nosso peito. O tempo não pode curar um amor não correspondido.
Muito menos quando se tem a certeza de que o sentimento existe no outro, só não
quer ser vivido. Percebo que sempre tive essa certeza, mas só agora vejo que a
tinha.
“Tu
te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”
Um grande problema das pessoas é não conhecer,
entender ou levar a sério esta frase. Ela devia ser uma verdade universal,
ensinada em todas as escolas, presente em todos os lares, ensinada em todas as
religiões. Devia ser regra geral para a convivência humana, pois muitas das
dores causadas e sentidas são pelo não conhecimento/ entendimento dela, por
ignorá-la, por não dar valor ao que ela diz. Mais ainda: por não dar valor
àqueles que cativamos.
Já cativei e não cuidei, então fiz sofrer e sofri. Já
fui cativado e não cuidaram de mim, então sofri muito mais.
Quanto tempo precisa ser gasto para que alguém nos
cative, para cativarmos alguém? Pouco ou muito, eternos segundos ou meio
milésimo. O tempo não é algo relevante quando estamos falando de amor.
Quando alguém nos cativa, roubamos um pedaço dele
para nós, um pedaço da sua alma, e então tiramos um nosso e encaixamos o da
pessoa no lugar. Quando o pedaço da nossa alma é aceito de volta, então há a
correspondência do amor, a aceitação de que também se foi cativado por aquele
que cativamos. Mas há aqueles que se fecham para o nosso pedaço de alma, que
não deixam que ele preencha o espaço da parte que passou para nós, que oferece
aquele espaço para outro, que se esforça para preenchê-lo com nova parte de sua
própria alma. E então sofremos.
Sofremos, pois há um pedaço em nós que não é “nosso”,
que faz parte de outro alguém, mas que estará eternamente conosco, pois se
tornou parte do nosso ser. Sofremos por que um pedaço dos mais íntimos da nossa
alma está perdido em algum lugar que nem mesmo nós sabemos onde é, pois não foi
aceito, foi desprezado. Ele fica rondando a pessoa que nos cativou, ligada a
ela, sim, mas ignorado, excluído.
Por muito tempo esse pedaço de mim me fez sofrer.
Hoje, porém, estou “curado”, e não foi o tempo quem
fez isso. Foi o amor.
A melhor cura para o amor é o próprio amor. Apenas ele
pode preencher o vazio do nosso peito, da nossa alma. Apenas um novo amor pode
nos fazer esquecer a dor do primeiro. Não esquecer o primeiro, pois amor de
verdade nunca acaba, apenas se transforma.
Não sinto mais dor quando penso naquele amor. Não,
pois aprendi muita, muita coisa com ele, que transformou irreversivelmente a
minha vida, fez surgir oportunidades que, talvez, nunca aparecessem se eu não passasse
pelo que passei. Hoje, chego a ser grato pelo que passei por esse amor.
Por isso, nunca tenha medo de amar. Amar, sim, é
sofrer, mas não amar é sofrer mais ainda.
(texto inspirado
no livro “Minha Terra do Nunca”, de Thiago Tristão)
1 de dezembro de 2011
Um Novo Projeto
(Prólogo de uma nova história que pretendo escrever)
Era uma vez uma casa.
Frase típica de um início de conto de fadas. Mas não posso dizer que esta história seja de fadas.
Talvez até exista uma fada nisso tudo, ou algo que possua a inocência e pureza de uma. Hum, acho que a conjugação do verbo “existir” deveria estar no passado. Retificando: Talvez até existisse alguém com a pureza de uma fada neste conto, que está muito longe de ser um conto de fadas.
Mas por que então começar com “Era uma vez”? Sim, é uma boa pergunta.
Acredito que essa seja a frase adequada para tentar definir A Casa em si. Por quê? Por que a última coisa que se pode dizer dessa casa é que ela é isso ou aquilo.
Talvez ela pudesse ser engraçada, mas apenas se você tiver um senso de humor um tanto mórbido. Tem tetos, paredes e chão, mas tais elementos dela também não podem ser denominados no presente de uma forma que você olhe para uma parede e possa afirmar “aquela é uma parede”. Isso não pode ser dito naquela casa, por que a parede pode não ser mais parede no instante seguinte, se é que um dia ela realmente existiu.
Então a melhor forma de defini-la que eu encontrei foi essa: Era.
Sim, porque uma coisa (talvez a única coisa) que podemos afirmar sobre essa casa é que um dia ela foi algo (talvez até mesmo uma casa). Em algum dia ela começou a existir, foi construída a partir de algo. Ela não pode simplesmente ter existido desde sempre. Por outro lado, desde que se tornou o que é, existirá para sempre.
Não sei nem se “casa” seria uma boa palavra para denominá-la. Ela é algo, isso é um fato, mas qual a natureza, localização, tamanho, intenção desse algo... Bem, eu não sei dizer. Talvez quem possa contar são as pessoas que acabaram entrando lá, mas...
Acho melhor começarmos logo com a história deste não lugar, desta casa ou do que quer que ela realmente seja. Por que, uma pessoa, contrariando tudo o que já houve, conseguiu contar um pouco da sua história, foi capaz de sair daquela casa, ainda que fosse apenas na forma de memórias em pedaços de papel.