Decisão, iniciativa e persistência. Esses são elementos ou qualidades que se associados podem compor qualquer fórmula de sucesso. Mas será que tal receita existe?
Tudo indica que a fórmula do sucesso é uma quimera alimentada pelos nossos desejos. Mas, mesmo desconhecendo ou não acreditando em receitas para o êxito, podemos pensar em “temperos” que precisariam estar presentes em possíveis misturas apresentadas por qualquer mago ou bruxo ousado que revelasse ter descoberto a poção mágica que nos levaria ao triunfo.
E quando pensamos no peso dessas qualidades do agir humano para efetivar realizações, constatamos:
· Quantas decisões acertadas sucumbem frente à ausência de iniciativa de quem decidiu.
· Quantas ações que depois de iniciadas são vitimadas pela desistência.
Essas constatações trazem um questionamento inevitável: que liga seria capaz de unir: decisão, iniciativa e persistência?
A resposta?
Moral elevado.
O moral é a capacidade de nos mantermos firmes e determinados na busca de nossos objetivos, a despeito de barreiras, obstáculos e dificuldades, mesmo que pareçam intransponíveis. Diferente da moral – parte da Filosofia que trata dos deveres ou costumes do homem;o moral é o domínio espiritual ou da vontade humana sobre suas próprias limitações.
O moral é o ânimo, a chama acesa que permite que nossas atividades aconteçam num circuíto realizador.
Decidir é essencial. Sem uma boa decisão ficamos perdidos em ações cujos resultados ou consequências somos incapazes de prever. Ter iniciativa é fundamental. É não esperar que outro tenha a atitude ou inicie um curso de ação que pode e deve ser nosso. Dar continuidade ao que iniciamos é vital para concretizarmos objetivos e efetivar realizações.
Essa é a trindade do êxito.
Perserverar é continuar com uma decisão na mente e buscar, passo a passo, trilhar o espaço que nos separa do que precisamos ou queremos.
Persistir não é teimar, permanecer em um rumo por absoluta teimosia. A perseverança é a permanência que se renova, corrige direções, revê escolhas, mas não desiste do objetivo. Ela é tão importante para um empreendimento bem sucedido que Montaigne, o pensador francês, reservou um de seus famosos ensaios para discorrer sobre o assunto.
Quando não persistimos, as difíceis etapas da decisão e da iniciativa são engolidas pela nossa pouca disposição. Perseverar exige ânimo para enfrentar repetições tediosas ou para empreender maior vigor de ação diante de surpresas ou dificuldades desafiadoras.
A boa persistência nutre-se da flexibilidade. Movimento próprio da água que bate na rocha sabendo que a regularidade e a adaptabilidade a levarão a bom termo. Ela é a mágica que transforma iniciativa em ação contínua que açoitada pela disciplina completa o circuito virtuoso de toda ação.
E o que nos anima a persistir? O que acende nossa vontade e a transforma em moral elevado?
· Autoconsciência - Saber o que é importante para nós. A consciência do que é valioso para nós mantém acesa a chama da vontade.
· Memória – Manter presente na lembrança, os momentos em que nossa atitude positiva e edificante fez a diferença e levou-nos ao êxito.
· Imaginação - Visualizar os efeitos bons que virão dos sacrifícios aos quais precisamos nos submeter para alcançar o que almejamos.
· Organização - Ser capaz de dispor os elementos necessários de forma que nossa ação seja facilitada ou pelo menos, não seja dificultada por fatores que podem ser eliminados ou minimizados pela nossa intervenção.
· Apoio - Buscar conforto ou afeto das pessoas siginificativas para que ao sacrifício ou esforço que precisamos fazer não se some a solidão ou o desamparo psicológico.
· Auto-estima - Precisamos manter uma auto-imagem positiva. Acreditarmos em nós mesmos. Sabermos que somos capazes. Caso precisemos ou tenhamos precisado desistir de algo, não devemos nos rotular como “desistentes”. Se em algum momento, deixamos apagar o farol da vontade, é sempre tempo de reacendê-lo, mudar de atitude e recomeçar.
· Objetivo realístico – A frustração é filha da ilusão. Avaliar nossos objetivos, ponderar riscos e medir consequências é um exercício que nos levará a estabelecer metas realísticas. Objetivos embasados facilitam a ação e geram confiança nas possibilidades de um bom resultado.
É essencial lembrar que não podemos eliminar a desistência ponderada e sábia.
O desistir movido pela perspicácia nos leva a perceber quando tomamos decisões equivocadas ou se o primeiro passo foi dado em sentido ou direção inadequados. Ás vezes, a desistência oportuna é a melhor decisão.
Persistir quando o mais acertado seria abrir mão ou reavaliar nosso curso de ação é teimosia, filha da obstinação, irmã legítima do medo da frustração.
Passar por frustrações faz parte da maratona de realizações e tropeços que compõe a vida. Do ponto de vista psicológico, tempera nossa vontade, dá-lhe o sabor do senso de realidade misturado à ousadia. Para atestar isso, basta olhar para pais que educam filhos apenas para serem saciados e cuidados.
O resultado é que esses filhos poderão tornar-se pessoas com dificuldades para servir ao semelhante e a si próprio e incapazes de aceitar frustrações com serenidade e dignidade. Pais educadores ensinam que frustração e saciedade são faces da mesma moeda psicológica: a temperança.
E você como tem temperado a panela das suas realizações?
· Quando decide algo pára na primeira frustração?
· Encara a frustração como parte do processo realizador e fonte de aprendizagem?
· Mantem-se firme e determinado diante de obstáculos?
· Gosta de estabelecer objetivos para seu dia?
· Deixa a vida levar você ou caminha com ela e mantém ativos seu compasso e sua régua?
Quando não mantemos ritmo e ação determinados e direcionados para alvos que projetamos, parece que nossa vida é algo fortuíto, um acidente do qual, muitas vezes, figuramos na condição de vítimas ou apostadores.
É reconfortante, lembrar: somos capazes de discernimento e persistência. Tudo o que depende de nossa ação é possível. Por isso, estabelecido um objetivo vá realizando atividades por menores que pareçam, mas que o coloquem perto de onde você quer chegar. Viva um dia de cada vez , mas vá remando.
Quando queremos algo realmente, nada serve como desculpa. Quando não desejamos com nossa vontade inteira, tudo pode ser usado como justificativa.
Não se esqueça disso.
É dieta? lembre-se de quantos gramas pode perder se deixar de comer aquela guloseima.
É exercício físico? Não desista de caminhar. Independente que o percurso seja pequeno ou grande.
É leitura? Não páre no meio do capítulo. Depois, não páre de ler no meio do livro. Quando perceber terá lido tudo.
É brincar com o filho? Não pense que repetir brincadeiras infantis pode ser tedioso ou não ser tão estimulante quanto para uma criança. Pense no que está semeando nesse pequeno instante. Lembre-se como estabelecer intimidade com os filhos será importante quando chegar a adolescência e eles quiserem “brincar” sozinhos.
Esses são alguns exemplos, mas pense em tudo o que impede que você persevere nos seus objetivos ou que dificulte o aproveitamento de suas vivências. Nossas ações, por menores que sejam, encerram sempre um significado. Fazem parte do que semeamos, estejamos conscientes ou não de que um dia vamos colher.
Os minutos são as gotas que enchem o vaso do tempo. Toda receita é feita de pequenas porções. Siga em frente. Como diz a música popular de Santana, compositor do Nordeste do Brasil: “Toda caminhada começa no primeiro passo.”
Autoria: Liduína Benigno Xavier. A autora é psicóloga organizacional. Mestre em Educação, tem formação em facilitação de processos humanos e é consultora exclusiva da Liber Consultoria.
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