25 de agosto de 2010

Um sonho

Uma pequena parte de mim sempre sabia que aquelas coisas nunca se passavam de sonhos, mas, mesmo agora, enquanto o sonho se desenrolava, essa parte não tinha uma influência grande o suficiente para fazer com que eu não sentisse tudo o que aquele sonho me passava, mesmo que eu não fizesse a mínima ideia do que significava.
Eu não sabia onde eu estava. Nada parecia muito real ou sólido ali. Era como se eu estivesse andando entre nuvens sólidas o suficiente para que meus pés afundassem apenas alguns centímetros nelas, porém, fluidas também, redemoinhando ao meu redor, envolvendo tudo em um ar etéreo, escondendo as coisas, os movimentos, mesmo que não houvesse muito que se esconder ali.
Já tivera aquele sonho algumas vezes e continuava sem entender o que ele significava. Era sempre igual, nada nunca mudava, tudo sempre acontecia do mesmo jeito. Ainda assim, eu sabia que não era uma repetição. Eu estava mesmo ali, aquilo tudo era real.
Pensamentos lógicos como esse sempre eram afastados quando eu estava ali.
Continuei seguindo meus passos de noites passadas. Só quando eu estava lá, nos momentos que passava entre aquelas nuvens, é que eu podia me lembrar claramente do que se passava. Pena que não conseguia organizar os pensamentos o suficiente para encontrar a lógica de tudo aquilo.
Novamente esqueci do que estava pensando e voltei minha atenção para o ambiente.
Uma luz suave e branca iluminava o ambiente. Mas não era uma fonte de luz, como uma lâmpada ou o Sol. A luz emanava de tudo ao redor. Tudo é maneira de dizer, pois, no momento, a única coisa que estava ao meu redor eram aquelas nuvens brancas e esfiapadas.
Os sentimentos eram confusos, não conseguia defini-los direito. Fui atravessando as nuvens como sempre, esperando o momento em que tudo mudaria.
Eu sentia o ar se agitando ao meu redor, um sentimento estranho crescendo dentro de mim com força exponencial. Um vento forte meio que soprou ou passou, não sei, pois as nuvens sequer se mexeram, apenas bruxulearam, sua luz oscilando enquanto aquele poder devastava as emoções de tudo ao redor. Era sempre igual, como um furacão imenso, gigantesco. Mas ele não era capaz de afetar as coisas materiais (não tinha certeza se algo ali realmente era material). Ela mexia com a atmosfera do lugar, com as vibrações.
Antes, tudo era calmo. Não era exatamente uma atmosfera boa, parecia mais imparcial. Depois, tudo era diferente. O ar ficava pesado e as luzes que emanavam das nuvens se apagavam rapidamente, como chamas de velas assopradas. Eu não estava mais sozinho e as nuvens não eram mais nuvens, e sim presenças sombrias.
Elas estavam em toda parte, compondo o ambiente e também fazendo parte dele. Eu não sabia nem mesmo se eram apenas um ou vários. Sei que estavam ali, sempre estiveram, porém, antes, não podiam, não deviam, aparecer para mim. Aquilo estava errado, não era para acontecer, eu sabia que não era. Não sabia disso em um pensamento racional, já que eles não existiam ali, mas por algo que vibrava dentro de mim.

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