4 de novembro de 2011


Medo Vs. Coragem


É incrível o conceito errado, a significância errada, que tantas pessoas têm de tantas coisas e palavras. A maioria simplesmente não entende o verdadeiro significado principalmente de palavras, não o significado do dicionário, mas sim o significado real daquilo, o que aquela palavra realmente quer representar na realidade.
Quero falar de uma palavra em especial.
Coragem.
“Força ou energia moral que leva a afrontar os perigos; valor; destemor, ânimo, intrepidez, bravura, denodo: lutar com coragem”.
Essencialmente, essa definição do dicionário já está errada, ainda que não inteiramente. Na verdade, uma única palavra está fora de contexto aí.
“Destemor”.
Ah, o grande erro de todos os propensos a corajosos. Sim, dos propensos, pois os corajosos de verdade não cometem esse erro. Aliás, os corajosos de verdade, muitas vezes, nem mesmo se acreditam corajosos, apesar de ter esse conhecimento ser um ponto muito valioso em momentos onde a coragem é necessária.
As pessoas adoram dizer: “Ah, aquele cara é corajoso, não tem medo de nada”.
De duas uma: ou ele é corajoso mesmo, mas simplesmente não conta seus medos, ou o cara é um tolo e não tem um terço da coragem que acham que ele tem e fica se gabando para os outros.
Pois corajoso é aquele que sabe controlar o seu medo e agir na hora certa, e não aquele que não sente medo. Esse é tolo.
Muita gente acha que para se ter coragem, não se deve ter medo, mas isso é uma mentira devastadora. O medo, na verdade, é essencial para a coragem. Quando há a última sem a existência do primeiro, deixa de ser coragem para se tornar imprudência e autoconfiança excessiva, o que certamente, uma hora ou outra, levará ao erro.
O medo sempre esteve presente nas pessoas. Destacaram-se aquelas que controlaram seu medo para arriscar novas coisas, e então a essa atitude deu-se o nome de coragem, mas isso não significa que o medo sumiu de tais pessoas.
Sabe qual a importância do medo na coragem? Ele faz a ação ser racional, e não instintiva. O medo é instinto, muitas vezes, mas a coragem precisa ser racionalidade e emoção, não instinto irracional (não entrarei em detalhes sobre instinto, razão e emoção aqui, mas saiba que eles se completam e sempre andam juntos).
Para uma atitude corajosa não se tornar uma atitude precipitada ou imprudente, a racionalidade é essencial, pois ela nos faz analisar os perigos e então pensar numa forma de contorná-los, minimizar os riscos e então tomar a atitude correta. E o medo é quem proporciona isso à coragem.
Com isso, podemos chegar à conclusão de que pessoas corajosas não são diferentes das outras, não têm um algo a mais que as torna superiores. Elas simplesmente decidiram que não iam deixar seus medos as dominarem, e então passaram a tomar atitudes para enfrentá-los, e então se tornaram corajosas.
Qualquer um pode ser corajoso, e pode ter certeza que pessoas corajosas são muito mais felizes do que as que não o são, ainda que pareça que elas sofram mais. O que muda é o tipo do sofrimento. O “não corajoso” (não gosto da palavra covarde) sofre muitos mais e sem saber que sofre, enquanto o corajoso sabe as causas de seus sofrimentos e as enfrenta com bravura. O corajoso, um dia, deixará seus sofrimentos para trás, enquanto os outros ficarão mergulhados neles até que tenham a coragem de ser corajosos.

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